O preço elevado da gasolina, que em alguns postos de Arroio do Meio se aproxima de R$ 5, fez o consumidor optar por um meio de transporte mais barato: a motocicleta. Um veículo de duas rodas de 125 cilindradas percorre em média 35 quilômetros com um único litro de combustível, uma alternativa em períodos de preços altos.
A venda desse tipo de veículo vem crescendo desde o início do ano. No país, o crescimento foi de 20,9% em setembro (76.669 unidades), em comparação com o mesmo mês de 2017 (63.428 unidades). No acumulado dos nove meses de 2018, foram vendidas 711.747 motocicletas para as lojas, o que significa um avanço de 18% sobre o mesmo período do ano passado, que havia totalizado 603.350 unidades. Os dados são da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).
Crescimento nas vendas
Em Arroio do Meio não foi diferente. Em uma revenda de motocicletas foram vendidas nove motos em apenas uma semana de outubro. Porém aqui, as preferidas pelo consumidor são aquelas com valor até R$ 3 mil que possuem carburador e custo de manutenção menor. “O crescimento nas vendas foi de pelo menos 50% nos veículos nessa faixa de preço”, revela Lair Fritzen, proprietário da KF Motos e Carros.
Ele lembra que há alguns anos a comercialização de motocicletas usadas representava uma pequena parcela das vendas, período em que se acumulavam em sua loja. Para despachar os veículos e diminuir custos com impostos como IPVA, repassava-os para outras regiões do Estado como Pelotas, David Canabarro e Passo Fundo.
Diferente daquele tempo, hoje o empresário, que tem vasta experiência no ramo de comercialização de motocicletas, se depara com uma realidade totalmente inversa. Conta que a facilidade em vender um veículo de baixo custo é grande. Lembra de uma situação em que uma moto chegou na loja no início da manhã e vendida na mesma manhã, antes mesmo de ser lavada. Outra motocicleta na mesma faixa de preço foi colocada à venda e logo já havia interessados. “Alguns pediram preferência. Porém, com vários interessados, decidimos não dar preferência a ninguém”, declara.
Comercializando motocicletas usadas em Arroio do Meio e municípios próximos, o empresário movimenta também a oficina instalada no mesmo prédio. “Essas motos retornam para a oficina em razão do ano de fabricação. São veículos que precisam de manutenção”.
Mais procuradas
Em outra loja de motocicletas de Arroio do Meio, a procura pelo veículo de duas rodas cresceu 30% nos últimos quatro meses. A sócia-proprietária Sônia Barcella Lohmann projeta um crescimento ainda maior para os próximos meses, chegando a 50%. Atribui o crescimento nas vendas não só ao preço do combustível elevado, mas também ao verão, estação em que as vendas crescem consideravelmente. “Entre as mais vendidas estão a Biz 125 e Titan 150, cujo consumo é menor”, salienta.
Preferência pela moto
O preço do combustível fez o aposentado, Jaime Castro, do bairro Navegantes, encostar a SUV Hyundai Tucson na garagem e optar pela motocicleta. Dessa forma economiza em torno de R$ 300 por mês em combustível. O veículo de quatro rodas utiliza em caso de necessidade, como em dias de chuva, por exemplo. Além de ser mais econômica, a motocicleta proporciona maior agilidade e mobilidade, citando ainda a oferta de estacionamento como um dos atrativos. “Com a Tucson faço sete quilômetros com um litro de combustível. Com a moto faço em média 35. É muito grande a economia”.
Produção no país
Entre janeiro e setembro de 2018, as montadoras produziram 777.091 motos no Brasil, volume 19,2% superior às 652.092 unidades feitas no mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados pela Abraciclo. De acordo com a entidade, 80.690 motos foram produzidas em setembro de 2018, contra 76.668 unidades no mesmo mês de 2017. A produção subiu 5,2%.