Com 57.797.847 votos, 55,13% dos votos válidos, o capitão da reserva do Exército, Jair Messias Bolsonaro (PSL), venceu a disputa eleitoral para a Presidência do Brasil, no domingo, 28, no segundo turno. O eleitor já havia sinalizado a escolha pelo candidato no primeiro turno, quando o parlamentar recebeu mais de 49 milhões de votos, alcançando 46,03% dos válidos.
O oponente no segundo turno, Fernando Haddad (PT), totalizou 47.040.906 votos, 44,87% dos válidos. A abstenção foi de 31.371.704 eleitores, 21,3% do eleitorado. Brancos e nulos totalizaram 11.094.498 votos, 9,57% do total de votantes.
Bolsonaro, que disputou pela primeira vez um cargo no Executivo, acumula a experiência de sete mandatos na Câmara Federal. Em 2014 decidiu que iria concorrer à Presidência, iniciando uma jornada pelos quatro cantos do país, no intuito de ouvir os anseios da população e sacramentar apoios. Com posição firme e sem meias palavras, defensor do fim da corrupção, dos valores familiares e do direito de o brasileiro poder adquirir uma arma para proteger seu patrimônio, logo caiu no gosto popular.
Muito antes de iniciar a campanha, já acumulava admiradores, apoiadores e simpatizantes, de Norte a Sul, Leste a Oeste. Beneficiado pelos escândalos de corrupção que vieram à tona com a Lava Jato, se apresentou aos brasileiros como um candidato honesto e capaz de fazer as mudanças que o Brasil precisa. Filiado ao PSL, sigla que até esta eleição era pouco expressiva, compôs aliança com o PRTB do seu vice, o gaúcho Antônio Hamilton Martins Mourão, o General Mourão. Como a coligação passou longe dos tradicionais partidos, cuja maioria está envolvida nos casos de corrupção, Bolsonaro fez sua campanha defendendo que isso lhe daria independência para compor seu governo, fazendo indicações técnicas e não políticas.
Seu temperamento forte e suas afirmações polêmicas também desagradaram a uma parcela da população, que reagiu e protestou ao seu posicionamento, especialmente no tocante às mulheres, homossexuais e ao discurso ofensivo. Tanto que sofreu um atentado à faca, no dia 6 de setembro, num ato de campanha, em Juiz de Fora, Minas Gerais.
O incidente o tirou de boa parte da campanha do primeiro turno e limitou seus deslocamentos e ações no segundo turno. Sem poder andar em meio aos seus eleitores, por ainda estar em recuperação e pelas limitações da bolsa de colostomia, e também por questões de segurança, o presidente eleito aproveitou o tempo para impulsionar ainda mais a campanha no ambiente virtual.
As redes sociais foram o maior palanque de Bolsonaro. A interação com eleitores por meio do Facebook e Twitter foi a maneira encontrada para driblar o pouco espaço garantido na propaganda eleitoral gratuita de rádio e televisão: oito segundos.
Segundo turno
Diante da expressiva votação no primeiro turno, sua candidatura recebeu apoio de vários partidos, ainda que nem todas as siglas o fizessem de forma oficial. Seu nome congregou correligionários do PSDB, MDB, DEM, PP, PTB e vários outros partidos considerados de centro ou de direita.
No segundo turno, a esquerda, que nas últimas eleições se concentrava ao redor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se uniu em prol do petista Fernando Haddad. O ex-ministro de Lula e ex-prefeito de São Paulo começou a campanha mais tarde, já que no início o PT insistiu em lançar o ex-presidente, preso em Curitiba, como candidato. A estratégia petista, em parte, logrou êxito, garantindo a chegada de Haddad no segundo turno, deixando para trás candidatos mais conhecidos do eleitorado brasileiro, como Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede). Contudo, o eleitor, na sua maioria, já tinha decidido pela mudança nesta, que foi a primeira eleição em 29 anos sem a presença de Lula no palanque eleitoral. A eleição de um candidato de direita sinaliza uma onda de mudança mundial, que pode ser percebida em boa parte do mundo.
Transição
O presidente eleito já confirmou o nome de quatro ministros: Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Paulo Guedes (Fazenda), General Heleno (Defesa) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).
A expectativa é que todo o primeiro escalão já esteja definido em novembro.
Além disso, 50 nomes serão indicados para o governo de transição, quando o grupo deve traçar as primeiras estratégias a partir do que Bolsonaro apontar como prioridade.
Em dezembro, provavelmente ele se ausentará desse trabalho por alguns dias para a cirurgia de retirada da bolsa de colostomia que tem usado desde que sofreu o atentado à faca.