No decorrer da Expovale, encerrada no último domingo, na cidade de Lajeado, foi promovido um evento, onde técnicos do Estado, Secretários Municipais de Agricultura, agroindústrias familiares e demais interessados puderam familiarizar-se com mais informações sobre os Sistemas de Inspeção, principalmente de produtos de origem animal.
O Sistema de Inspeção Municipal – SIM, já adotado pela maior parte dos municípios da região, mas que restringe as áreas de comercialização de produtos das agroindústrias familiares, não atende mais às demandas, em especial dos empreendedores. A AMVAT e a Associação dos Secretários Municipais de Agricultura do Vale do Taquari, vem tendo uma dedicação e empenho bastante envolvente para modificar essa ferramenta, surgindo como alternativa o Susaf, que é um instrumento criado pelo Estado e que, caso implantado, permitiria a comercialização dos produtos em todas as regiões do Rio Grande do Sul.
Essa possibilidade de abertura do mercado apresenta-se como um fato bem interessante para os estabelecimentos, pois nos municípios de pequeno porte não há um mercado consumidor que possa absorver a produção ofertada. Então, se não há uma perspectiva de vendas fora dos limites das respectivas localidades, diminuem as chances de crescimento do setor das agroindústrias.
O grande dilema, no âmbito dos municípios, é o questionamento sobre o quê é preciso para a adoção do Sistema Único – Susaf? – Esse detalhamento é que preocupa as autoridades, visto que são necessárias providências de ordem legal e técnica, como a disponibilidade de veterinário no quadro efetivo, que parece ser uma condição essencial, por uma questão de segurança, na área da sanidade animal.
Contabilização de prejuízos
A se confirmar a queda no preço do leite, referência mês de novembro, em até 5,44%, ficando o litro entregue pelo produtor em R$ 1,0920, o produtor passa a uma condição de ter que contabilizar os prejuízos.
Com uma sequência de quatro meses de redução no preço, o último mês de outubro, quando o valor referência chegou a R$ 1,1548/litro, o setor considerava esse momento de limite tolerável e suportável para o produtor poder continuar trabalhando.
O fator agravante nesta história é a aproximação do período de verão, quando o consumo de leite e derivados indica quedas substanciais, resultando em estoques excedentes nas indústrias.
E o que contribui para tornar ainda mais precária a situação dos nossos produtores de leite é a continuidade e até o aumento das quantidades importadas de países vizinhos e possivelmente com a concessão de subsídios.
O desempenho frustrante da cadeia leiteira no ano de 2017, gera um custo bem elevado para a economia dos municípios da região, aspecto conferido e constatado no valor adicionado fiscal do ano anterior. A maioria das cidades do Alto Taquari não conseguiu repetir a performance de anos anteriores e esse aspecto redundará na queda do índice de retorno do ICMS já no próximo ano, mas com maior reflexo nos dois anos seguintes.
Assim, o primeiro prejuízo direto é do produtor, mas por extensão chega também à economia dos municípios e demais atividades econômicas.
Está evidenciada a tendência de desistência de tradicionais produtores de leite em todo o Estado e principalmente na nossa região, característica de minifúndios e cada vez menos mão de obra familiar, as propriedades são desativadas e as próprias famílias ficam esfaceladas, acentuando-se o êxodo rural e o engessamento dos centros urbanos.