Assumiu recentemente a direção da Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), localizada em Charqueadas, o Major Fabiano Dorneles, que reside em Arroio do Meio desde 2000. Nesse mesmo ano, o cachoeirense que se intitula arroio-meense de coração, assumiu a corporação do município, onde atuou até 2005, quando foi trabalhar no Comando do Vale do Taquari onde permaneceu até 2014. Arroio do Meio foi importante para sua ascensão profissional, pois foi o município em que foi promovido a 1º Tenente e a Capitão.
Destaque dentro da corporação, Dorneles foi enviado para atuar na Copa do Mundo de 2014 realizada no Brasil. Também se aperfeiçoou em cursos realizados em Porto Alegre, retornando mais tarde para o Vale do Taquari, desta vez para assumir o comando de Encantado, onde permaneceu por seis meses.
A promoção de Major foi acompanhada de um convite para trabalhar no Comando do Estado Maior com sede em Porto Alegre, onde atuou por dois anos na parte de ensino, treinamento e coordenação das operações. “Foi um aprendizado muito legal e uma experiência muito boa. Todo oficial deveria atuar no Comando do Estado Maior, pois proporciona um amplo conhecimento. Dessa forma se tem uma ideia de quanto é grande e complexa essa estrutura, a qual eu chefiava. Foi uma experiência salutar, importante para minha formação como oficial. Foram dois anos de muito aprendizado e muito trabalho”, explica.
No que tange à segurança pública, Dorneles fala que a Brigada Militar é uma polícia de Estado e não de Governo, e nesse sentido, é necessário apoiar os governantes que chegam para administrar o Estado. “Estamos torcendo para que o governo consiga colocar em prática mudanças que tenham resultados positivos para toda a população. Sabemos que na área da segurança as coisas não ocorrem de uma hora para outra. É preciso nos unir para que as coisas ocorram em favor do bem comum. Quando falamos de segurança não é simplesmente a pasta da secretaria da Segurança e sim da educação, entre outras tantas que trabalham as políticas públicas e que também refletem na área da segurança”, destaca o Major.
Todavia, a questão da segurança pública não depende somente do governo, enfatiza Dorneles. Salienta que existem questões legislativas, culturais e até de criminalidade que interferem na sociedade. “Esperamos que governos municipais, estadual e federal, estejam sincronizados para que as políticas públicas e as ações sejam concatenadas oportunizando resultados positivos para a sociedade. Estamos torcendo para que os governos consigam plantar e a sociedade consiga colher bons frutos, tendo assim uma segurança maior para nossos filhos e a sociedade de um modo geral”, argumenta.
Sobre a PEJ
Há 24 anos a Brigada Militar passou a administrar cinco casas prisionais do Rio Grande do Sul em razão de problemas verificados nessas instituições. Dentre estas, a PEJ. Com capacidade para 1.420 presos, a casa prisional está com uma lotação de 2.560 apenados. Se não bastasse, em um anexo à penitenciária, outros 100 presos cumprem pena no regime semiaberto. No dia de visitas o número de pessoas é ainda maior. Cerca de 550 pessoas, mulheres de presos, somam-se aos apenados.
Acostumado a trabalhar nas ruas com policiamento ostensivo, Dorneles considera um trabalho diferente. “Agora recebemos a missão de coordenar e ser o diretor dessa penitenciária que é a segunda maior do Estado, só perdendo para a cadeia pública de Porto Alegre. Aqui a organização e doutrina da Brigada Militar se fazem presentes. As regras são rígidas e a lei é cumprida, no entanto os direitos dos apenados são respeitados”, e complementa, “Imagina 2.600 pessoas, todas com histórico ruim, confinadas em um local fechado. Todos que estão aqui estão condenados e possuem um histórico complicado e com penas muito extensas”.
Comparada a um município
Conforme Dorneles, a administração da penitenciária é toda da Brigada Militar e não sofre interferência da Susepe. Por outro lado, o orçamento para administração é de responsabilidade da Susepe que o repassa para a Brigada Militar. As dificuldades são as mais variadas, que vão desde problemas estruturais até aqueles relacionados a facções criminosas que atuam dentro da casa prisional. “Podemos comparar a um município, pois existe toda uma questão orçamentária como despesas de água e luz, pessoal e estrutura. Temos dentro da penitenciária um hospital onde trabalham dois médicos, dentistas entre outros profissionais”, explica.
Mitos e verdades
Desde a chegada da Brigada Militar na instituição que ocorreu em 1995, nenhuma fuga foi registrada, explica Dorneles. No entanto, confidencia que forças externas atuam dentro da casa prisional a exemplo das facções criminosas. Nesse sentido, a Brigada Militar atua de forma a trazer mais segurança à população. “Respeitamos o direito dos presos. Porém, o que não é autorizado dentro da instituição, não toleramos”, fala.
Desafio
Os desafios encontrados na Penitenciária Estadual do Jacuí são inúmeros e vão além da questão da segurança. A empresa contratada para recolher o lixo não faz o recolhimento há mais de quatro meses gerando uma montanha de resíduos depositados no pátio que ultrapassa 100 toneladas. O lixo que se acumula no pátio da casa prisional atrai insetos, animais e provoca mau cheiro. O chorume que sai do lixo penetra no solo provocando contaminação. Conforme Dorneles a Susepe foi informada da situação e revelou que há um problema licitatório com a empresa que faz o recolhimento do entulho. “É uma questão ambiental”.
o Major Dorneles
O Major Fabiano Henrique Dorneles nasceu em Cachoeira do Sul em 1975. É casado e pais de dois filhos. Ingressou na Brigada Militar em 1995 e se formou na Academia da Polícia Militar em 1998, quando veio trabalhar no Vale do Taquari. Dois anos mais tarde, em 2000, veio para comandar a 3ª Companhia do 22º BPM, com sede em Arroio do Meio, onde permaneceu por seis anos. Após, por dez anos, trabalhou no Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Taquari, com sede em Lajeado. Nos últimos dois anos, o Major Fabiano trabalhou no Comando do Estado Maior da Brigada Militar, na seção de instrução, operações e treinamento, em Porto Alegre.
Fabiano é formado em Direito pela Univates e pós-graduado em Administração de Pessoas pela Feevale. Cursou ainda Gestão Pública pela Faculdade Senac, em Porto Alegre. Na área militar, é Instrutor de Tiro da Brigada Militar e Instrutor do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd).
Durante a sua carreira foi laureado com a medalha de Serviço Policial Militar, no grau prata; com a medalha Cel. Octávio Frota, no grau especial mérito; medalha de Serviços Distintos; e ainda com a medalha Estrela de Reconhecimento, no grau bronze.