Com 93 anos de idade e com 20 netos e 17 bisnetos, Armelinda Cadore esbanja vitalidade e disposição. Morando sozinha em Capitão, ela tem uma rotina de dar inveja a muitos jovens. Faça chuva ou faça sol, a nona, como é chamada pelos familiares, acorda por volta das 6h. A primeira tarefa do dia é abrir janelas para entrar a luminosidade. Em seguida, faz fogo no fogão à lenha para preparar a comida que fica pronta cedo: antes das 10h. Os demais afazeres, como a limpeza da casa, também são realizados por ela mesma.
Ela gosta de ficar em casa para receber os netos e bisnetos que são esperados com bolinho de chuva e pão frito. Porém, nos fins de semana, a nona é disputada pelos netos que a levam para passear ou para suas casas. “Faça o bem que receberá o bem. Orgulho-me em ver que estão no caminho certo e se tornando pessoas de bem”, declara.
Contar histórias é outro passatempo de nona Armelinda, que cita uma em específico. mãe de nove filhos, transportava os menores em um balaio e, certa vez ao chegar na lavoura, deu por falta de um dos pequenos que havia caído, por um buraco. “Fiquei muito preocupada. Então refiz o caminho e acabei encontrando meu filho”, revela.
Outro passatempo da avó é cozinhar. Os ensinamentos que foram passados aos filhos, agora são repassados aos netos que aprendem como preparar a polenta, um de seus pratos favoritos. O vinho tinto seco também não pode faltar. Todos os dias, antes do almoço, ela toma uma taça.
Enfatiza e lembra aos netos e bisnetos que viveu em outro tempo, quando tudo era diferente. Os mais velhos eram respeitados. Não havia transporte escolar e as crianças iam para a escola a pé. “Na época, os mais velhos sentavam-se à mesa e, só depois, as crianças comiam. Agora é diferente. Primeiro as crianças, depois os adultos. Mas aqui em casa é do tempo antigo, tenho minha varinha guardada e faço me respeitarem”, brinca.