O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização. No Brasil, foi criado em 2015, com a proposta de associar a cor ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro). A ideia é pintar, iluminar e estampar o amarelo nas mais diversas resoluções, garantindo mais visibilidade à causa. É necessário ficar atento aos sinais que uma pessoa dá, assim como é importante buscar ajuda. Existem vários canais e locais para isto. Em âmbito municipal, por exemplo, pode-se recorrer às Unidades Básicas de Saúde, ao Caps e à emergência do hospital. Também existe o canal do Centro de Valorização da Vida (CVV).
Além de diálogo e informação, para ajudar de maneira eficaz uma pessoa que está com ideação suicida, é preciso muita empatia. Às vezes certas reações ou palavras ditas por amigos ou familiares podem potencializar a dor, mesmo quando a intenção é de apenas ajudar.
Falar sobre o assunto é sempre desafiador. A psicóloga Grasiela Bolgenhagen Piassini fala sobre as melhores formas de conversar com uma pessoa, quando esta tem ideação suicida. Ela ressalta a importância do respeito, do ato de ouvir e, acima de tudo, evitar julgamentos. Confira a entrevista:
OAT- Como começar uma conversa com quem está com ideação suicida?
GP- Essa conversa, com certeza, não é fácil. Mas é importante uma escuta atenta, acolhedora e sem julgamentos. Permita que a pessoa fale, sem interrompê-la para dar suas próprias opiniões. Perguntar sobre pensamentos suicidas pode dar a abertura para falar e colocar “para fora” o que sente. Também é importante encorajar a procura de ajuda profissional, muitas vezes conduzir para o atendimento, agendar a consulta com um profissional ou levar a um serviço de emergência. Estar junto, ajuda a pessoa para que se sinta mais confiante.
OAT- O que é importante falar e o que não se deve dizer?
GP- É importante uma escuta respeitosa e comprometida. Orientar sobre como e onde buscar ajuda. Também é importante não minimizar o que a pessoa está nos contando com frases do tipo: “Isso não é nada, já vai passar”; “Capaz, você tem tudo, uma vida tão boa…” ou “esquece isso, você precisa se ajudar…”
OAT- O que nós, como sociedade, podemos fazer?
GP- Primeiramente tratar o problema com respeito e seriedade. A pessoa que está com pensamentos suicidas está sofrendo muito. Esse pode ser, sim, um pedido de ajuda, uma forma de chamar a atenção para algo que está insuportável. É preciso mostrar interesse pleno em ajudar, estar disponível e não adiar ou arrumar desculpas para a conversa.
OAT- Como o mau julgamento pode afetar?
GP- Ainda há muitos mitos sobre o tema do suicídio, como: “só quer chamar atenção” ou “quem ameaça não faz”. Crenças como estas podem inibir as pessoas de procurar ajuda, por vergonha, medo ou culpa. A pessoa já se sente muito mal por toda dor interna, não precisa de falas ou insinuações preconceituosas. Sentir-se julgada fará com que a pessoa se cale ainda mais e se isole, o que torna mais difícil chegar à ajuda da qual precisa.
CVV 188 – Um canal gratuito de ajuda
O Centro de Valorização da Vida (CVV), fundado em São Paulo, em 1962, é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal, desde 1973. Presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.
A instituição é associada ao Befrienders Worldwide, que congrega entidades congêneres de todo o mundo, e participou da força tarefa que elaborou a Política Nacional de Prevenção do Suicídio, do Ministério da Saúde, com quem mantém, desde 2015, um termo de cooperação para a implantação de uma linha gratuita nacional de prevenção.
A linha 188 começou a funcionar no Rio Grande do Sul em setembro de 2017 e teve expansão para todo o Brasil, com a integração de todos os estados. Os contatos com o CVV são feitos pelos telefones 188 (24 horas e sem custo de ligação), pessoalmente (nos 110 postos de atendimento) ou pelo site www.cvv.org.br, por chat e e-mail. Nestes canais, são realizados mais de dois milhões de atendimentos anuais, por aproximadamente 3,4 mil voluntários, localizados em 21 estados, mais o Distrito Federal.
Fonte: www.cvv.org.br