É chegada a primavera. As ruas ficam mais bonitas pela floração e a temperatura mais amena e agradável. Porém, o fim do inverno para muitas pessoas pode representar o início de sintomas que atrapalham e muito o seu dia a dia, causados pelo aumento do pólen no ar que, ao ser inalado, causa a rinite alérgica sazonal.
A rinite, de forma geral, possui diversas classificações. Ela pode ser persistente, quando os sintomas duram mais de quatro dias por semana, por mais de quatro semanas, ou intermitente, quando duram menos de quatro dias. Também pode ser classificada como leve, moderada ou severa. Nestas últimas, o paciente apresenta prejuízo na qualidade do seu sono, na escola ou no trabalho, nas atividades físicas, na leitura ou em outras atividades do seu cotidiano.
A rinite, que se manifesta ao longo de todo o ano, geralmente ocorre devido ao contato com ácaros, animais domésticos e fungos. Quando ela aparece ou piora na primavera, é porque o pólen está causando os sintomas.
Os principais sintomas da rinite alérgica incluem coceira no nariz, olhos, ouvidos e garganta, espirros, secreção nasal, obstrução nasal (nariz entupido) e conjuntivite com inchaço de pálpebras. Devido à piora da qualidade de vida e do sono, sintomas como irritabilidade, cansaço, falta de atenção, piora no rendimento profissional ou escolar também aparecem como consequências da rinite não tratada.
Mas o que realmente ocorre com as pessoas que têm rinite alérgica? Os pacientes que têm rinite alérgica, ao inalarem determinados alérgenos (como o pólen ou ácaro, por exemplo), permanecem com essas partículas em contato com a mucosa nasal e o seu próprio corpo interpreta tais alérgenos como nocivos à sua saúde. Assim, de forma equivocada, células são ativadas para combater essas partículas, causando inflamação de toda a mucosa nasal e, como consequência, aumento do inchaço da mesma e acúmulo de secreção. Em uma pessoa normal, sem rinite, após o contato com tais alérgenos, a própria mucosa nasal elimina essas partículas através de movimentos dos cílios microscópicos da mucosa sem a necessidade de gerar a inflamação. Por isto, o paciente com rinite alérgica deve ajudar a sua mucosa nasal a realizar esta limpeza. Da mesma forma como tomamos banho, escovamos os dentes diariamente, o paciente com rinite alérgica deve realizar a lavagem nasal com soro fisiológico. Essa é a medida que melhor traz benefícios sem gerar riscos, por não ser um medicamento, e sim uma medida natural. E ela pode ser realizada inclusive em crianças de todas as idades.
A lavagem com soro fisiológico pode ser realizada com o uso de seringas ou outros dispositivos, como cilindros de jato contínuo, que já estão prontos para o uso nas farmácias, ou bules que podem ser encontrados na internet, sempre em temperatura ambiente (não sendo necessário aquecer o soro antes do uso). Em adultos, pode-se utilizar quantidades maiores, como 20ml ou mais. Em crianças, quantidades menores são melhores pois facilitam a sua aceitação.
Algumas medicações como fitoterápicos, usados como “naturais”, podem agravar a rinite a alérgica. Exemplo disso é o uso de “Echinacea purpúrea” com a qual algumas pessoas se automedicam pois leem na internet que serve para melhorar a imunidade.
Além da lavagem nasal com soro, é necessário manter ambientes bem arejados e limpos. A entrada de sol nos ambientes também é importante. Se a rinite alérgica for muito intensa, é necessário iniciar medicações que podem ser usadas durante toda a primavera ou períodos ainda mais longos se assim foi necessário. Essas medicações incluem o uso de sprays nasais e, em casos mais severos, comprimidos para evitar as crises.
Se você sofre de algum tipo de rinite, cuide de sua saúde e passe mais tempo aproveitando a vida ao ar livre.
*Otorrinolaringologista Luis Henrique Halmenschlager