Com o objetivo de difundir a troca de conhecimentos sobre abelhas sem ferrão, a Emater/RS-Ascar, a Associação de Meliponicultores do Vale do Alto Taquari (Amevat) e a prefeitura de Lajeado realizaram no sábado, dia 19, o IX Seminário Regional de Meliponicultura. O evento reuniu um público superior a 500 pessoas no Parque do Imigrante, para um dia de painéis, palestras e oficinas com o objetivo de dividir experiências entre criadores de abelhas nativas/sem ferrão, fundamentais para a manutenção do meio ambiente, por serem polinizadoras.
Durante o dia, houve palestras com temas sobre impacto dos agrotóxicos, situação regulatória da criação de abelhas no Brasil, controle de qualidade do mel e perspectivas econômicas da atividade. Já as oficinas, proporcionaram o aprendizado na prática sobre produção de hidromel, receitas à base de produtos de abelhas nativas, multiplicação de enxames, confecção de iscas, alimentação das abelhas, colheita do mel, aquecimento elétrico de colmeias, plantas apícolas e características de uma boa colmeia.
Para o gerente adjunto da Emater/RS-Ascar, Carlos Lagemann, o evento celebra o importante papel das abelhas sem ferrão no meio ambiente. “E essa ação polinizadora, fundamental, muitas vezes é desconhecida pelas pessoas”, observou. Também presente no encontro, a presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) Marjorie Kauffmann deu detalhes do projeto de Incentivo à Criação, Manejo e Conservação de Meliponídeos que incentiva a conservação da biodiversidade a partir da manutenção das abelhas sem ferrão como instrumento de promoção do desenvolvimento sustentável no Estado.
O presidente da Federação Apícola do Rio Grande do Sul (Fargs), Anselmo Kuhn, falou do papel da entidade em defender a sustentabilidade da apicultura e meliponicultura. Avalia que, se não houvesse movimento já haveria menos abelhas, mesmo assim, alertou para espécies que já estão em extinção, como o jataizão. A espécie não tem o valor do mel muito atrativo, por isso não é muito difundida, porém, explica que a abelha tem potencial para desenvolvimento de enxame e é importantíssima para a preservação da árvore bracatinga, que corre o risco de não existir mais em 10 anos, devido à expansão da pecuária. Observa ainda que esta árvore possui um dos melhores polens, com concentração de 26% de proteínas.
O deputado estadual Zé Nunes (PT) destacou a grandiosidade da causa e da necessidade de a AL/RS ampliar os espaços para discussão do assunto. Falou que, da frente parlamentar, articula um posicionamento firme e uma pauta específica de proteção às abelhas nativas.
O engenheiro agrônomo aposentado da Emater/RS-Ascar Paulo Conrad – que também representa a Amevat, reforçou que a intenção geral foi a de não apenas reunir os meliponicultores, mas divulgar as espécies, promover a troca de experiências e apresentar conteúdos técnicos e de práticas manejo. Durante o evento também foi possível adquirir enxames, caixas, mudas de plantas melíferas e hidromel. Na programação do Seminário também houve exposição de colmeias, distribuição de mudas de plantas e de estacas e concurso para escolha do mel mais saboroso.
Outras autoridades, como o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agricultura de Lajeado, André Bücker, o presidente da Amevat Nelson Angnes, e o assistente técnico regional em Sistema de Produção Animal da Emater/RS-Ascar, João Sampaio, que destacou a meliponicultura como um mercado potencial que ainda garante a continuidade de muitas espécies vegetais. O evento teve o apoio da Empresa Morar Bem e das cooperativas Sicredi e Certel.