Mais de três mil pessoas prestigiaram a 3ª Feira Agrícola de Arroio do Meio, realizada sexta-feira e sábado, na Associação Esportiva Forquetense, no distrito de Forqueta. Com a participação de 32 expositores, o destaque ficou por conta dos implementos agrícolas, agroindústrias familiares, floricultura, roteiros turísticos Caminhos da Forqueta e Entre Vales e Arroios, artesanato, valorização do setor primário e lazer em família.
A abertura oficial ocorreu na manhã da sexta-feira, na presença de autoridades, incluindo o deputado estadual Tiago Simon (MDB), expositores, alunos do município e comunidade em geral. A programação seguiu com palestras técnicas ministradas pela Emater/RS-Ascar, Ministério da Agricultura, Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural e apresentações de cases de jovens empreendedores.
Para o prefeito Klaus Werner Schnack, a 3ª Feira Agrícola foi especial. “Evoluímos muito. A integração da comunidade e entidades do distrito de Forqueta com a Administração Municipal e expositores trouxe um ambiente típico do interior, com atrações e boa acolhida aos visitantes”, salienta Schnack. Para ele, a grande participação de público dá a certeza de que a feira foi um acerto e se consolidou no calendário regional de eventos, valorizando o eixo comercial e produtivo de Rui Barbosa e Forqueta.
A promoção é da Administração Municipal, por meio da Secretaria da Agricultura e subprefeitura do Distrito, com apoio da Emater, STR, Conar e comunidade de Forqueta.
SELO ARTE – O diretor do Departamento de Agricultura Familiar e Agroindústria do RS, José Alexandre da Silva Rodrigues e a médica veterinária da Emater, Marlusa Machado Feltrin, explicaram o credenciamento ao Selo Arte. Segundo eles, o selo é apenas uma distinção, que certifica que o produto é 100% artesanal, com uso de técnicas manuais em todas as fases da produção e sem aditivos, como conservantes químicos. O que não isenta a necessidade de inspeção oficial e rastreabilidade.
Salientaram que a legislação mais inclusiva que alinha o Serviços de Inspeção Municipal (SIM), Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf-RS) Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA), e Serviço de Inspeção Federal (SIF), poderá beneficiar uma série de modais produtivos, que atualmente estão na clandestinidade. O que depende da regulamentação de novas portarias direcionadas a este público que, ao mesmo tempo, abranjam boas práticas de fabricação e garantam produtos idôneos aos consumidores.
O prefeito Klaus Werner Schnack considerou o desafio um “abacaxi”, pois, em tese, poderia haver resistência dos próprios fiscais, responsáveis pela criação e deliberação, que aumentariam ainda mais a demanda e a complexidade em torno da própria atuação.
GADO DE CORTE – Na tarde de sexta-feira, a palestra sobre a atividade de Gado de Corte como alternativa para as propriedades rurais do município, foi bem prestigiada por agricultores. Segundo o secretário Eloir Lohmann a intensão foi difundir melhor o assunto e ampliar o debate, pois a atividade pode, em parte substituir a bovinocultura de leite, cada vez mais restritiva por normativas, aproveitar a estrutura existente nas propriedades e lavouras, bem como a logística das fábricas de rações e insumos, combinadas ao aumento da planta de abates do município, de mil para três mil cabeças de gado por dia.
O zootecnista da Emater de Bagé, Fábio Eduardo Schlick elencou uma série de medidas importantes para profissionalização da atividade em âmbito local e maximização dos resultados. Para a terminação, destacou a importância de um bom acabamento da carcaça com bastante gordura, tendo em vista a proteção contra quebra, após o resfriamento. Também observou a importância da padronização do lote, tanto para cotação final, como para conversão alimentar dentro de um período estipulado. Na logística, defendeu o bem-estar animal, pois lesões acabam afetando cortes nobres e, consequentemente, gerando descontos na avalição inicial.
Para a alimentação, sugeriu pastagens de alta qualidade durante todo o ciclo, sombra, água fresca e sais à vontade. “O boi tem que comer de boca cheia e molhar as orelhas para engordar. O tempo para pastar é o mesmo”, observou. Já na suplementação com ração e farelos, sugeriu um bom equilíbrio nutricional entre proteínas e alimentos energéticos (carboidratos).
Avaliou que há nicho para recria de novilhos, onde algumas propriedades poderão se especializar em amansar/reeducar os bovinos para se adaptarem à estrutura dos potreiros locais, que contam com choque elétrico e altura de cerca menor do que na fronteira. E alertou para a vulnerabilidade do sistema de confinamento perante a dinamicidade do mercado.
Por fim, destacou a importância do controle de custo, desde a compra do lote, a logística, insumos e a necessidade de um perfil ‘negociador’.
PISCICULTURA – O Encontro de Piscicultores, coordenado pelo zootecnista da Emater, João Sampaio prospectou a possibilidade de a produção de peixes entrar no rol do sistema integrado da Languiru, que projeta abrir frigorífico para abastecimento do varejo, com peixes resfriados.
Sampaio observou que apesar do crescimento da produção intensiva de tilápias, especialmente no Paraná e em São Paulo, o passivo ambiental impulsionado pelo excesso de matéria orgânica na água, ainda pode trazer reflexos, que não compensam apostar na variedade. Garantiu que o RS segue como líder em número de açudes registrados – com 18 mil dos 32 mil existentes no país – e que a produção de carpas, poderá ser potencializada, pois é mais segura e sustentável.
Apesar da preferência local ser por peixes grandes, sugeriu que piscicultores se especializem em terminar carpas húngaras com peso padrão de 850 g, tamanho ideal para a produção de filés. Segundo o zootecnista, com uma alimentação balanceada, e até dois peixes por metro quadrado, é possível converter um exemplar de 150 gramas em 850 gramas, em menos de 95 dias. A remuneração para os terminadores, ficaria um pouco abaixo de R$ 5 pelo kg. Lembrando que para cada quilo de filé são necessários três quilos de peixe. Além disso, há despesas logísticas, de beneficiamento e pessoal. “Se tivéssemos este produto, a China ficaria com tudo”, dimensionou. Também falou da intenção da cooperativa em abater peixes maiores, que seriam comercializados em diversos cortes.
Para as feiras nas propriedades rurais, sugeriu programações anuais, com oferta de até 500 kg de peixe por propriedade, média que vem sendo comercializada por evento. Após isso, o açude deve ser seco, para reduzir o excesso de matéria orgânica, e garantir que a nova remessa se desenvolva bem.