Cascas de frutas, legumes, talos, folhas e erva-mate, que não são aproveitados na cozinha, podem retornar para a natureza como composto orgânico. Para o melhor aproveitamento, o ideal é que estes resíduos passem pelo processo de compostagem, numa composteira doméstica. Além de destinar menos resíduos para um aterro sanitário, o composto pode ser utilizado no cultivo da horta ou pomar.
Para uso doméstico há dois modelos de composteiras mais indicados: a vermicompostagem, que faz uso de minhocas vermelhas da Califórnia para digerir o material orgânico; e a composteira domiciliar, onde não há necessidade das minhocas. A vermicompostagem é mais indicada para quem não possui pátio ou muito espaço. O outro modelo pode ser feito no pátio, com um tonel ou bombona plástica.
O engenheiro agrônomo do escritório da Emater/RS-Ascar, André Michel Müller, explica que os dois modelos são eficientes e não exigem grande investimento ou conhecimento.
Como fazer uma vermicompostagem ou minhocário
O minhocário mais prático é feito com três recipientes iguais e empilháveis. Dois devem ter o fundo com pequenos furos que permitam a passagem das minhocas e também ter alguma alça ou suporte que facilite a mudança de posição. Os três volumes são empilhados, e o que vai ficar embaixo não pode ter furos, pois vai acumular o biofertilizante, uma substância líquida, que deve ser retirada de tempos em tempos.
Os dois compartimentos superiores são chamados de digestores. Nestes as minhocas e outros micro-organismos fazem a degradação da matéria orgânica. Enquanto o material do recipiente do meio vai sendo convertido em composto, os restos de alimentos devem ser colocados no superior, que é tampado. Quando não há mais matéria orgânica para decompor, as minhocas migram do recipiente do meio para o superior em busca de comida. É hora de utilizar o composto e mudar as vasilhas de posição. Assim, a troca vai acontecendo sucessivamente, bem como a retirada do biofertilizante, que pode ser utilizado no cultivo de flores e outras plantas.
No minhocário, por ser um ambiente vivo, não podem ser colocados restos que prejudiquem a sobrevivência das minhocas. Não podem ser colocados nas composteiras, independente do modelo, alimentos doces, salgados, cárneos e panifícios, que podem atrair ratos e baratas. O destino ideal para estes alimentos seria o trato de animais, como galinhas ou suínos. “A pessoa que está na cozinha precisa estar consciente para separar estes resíduos que não podem ir para compostagem”, observa André.
Composteira no pátio
Já o outro modelo de composteira, pode ser considerado mais simples e fácil de manusear. Primeiro é preciso escolher um local apropriado, sobre a terra, onde a composteira poderá ficar por um longo período sem atrapalhar. Depois é preciso fazer uma base para elevar a composteira do chão, deixando o fundo aberto, o que vai permitir a retirada do material decomposto.
Não há a necessidade de tapar a composteira, pois a água da chuva evapora e também escorre pelo fundo. Recomenda-se uma tampa nos casos em que o local escolhido receba água de telhados, num volume maior.
Depois da composteira devidamente instalada, é recomendável fazer uma espécie de forração com palha, folhas ou grama cortada. O ideal é que seja preenchido até um terço do volume com esse material. Na sequência, é só ir depositando os resíduos orgânicos. De vez em quando, pode-se colocar uma fina camada de terra por cima, para evitar insetos. Conforme o material vai se decompondo, vai descendo e pode ser retirado e utilizado.
Para André, esta é uma forma prática e fácil de utilizar os resíduos orgânicos. Principalmente porque não precisa de intervenções como no caso do minhocário. A decomposição é um processo lento, que pode levar meses. Se a composteira for plástica podem ser feitos furos nas laterais, o que vai acelerar a compostagem. No caso do tonel, os furos vão diminuir sua a vida útil.
Escolas
André salienta que o uso de composteira é incentivado, inclusive, nas escolas. Conta que a Emater fez u
m trabalho de orientação nas escolas de Arroio do Meio, quando mudou o sistema de fornecimento da merenda e passou a sobrar mais resíduos orgânicos. “Foi um trabalho muito bem aceito, que deu resultados positivos”.

