As primeiras lavouras de soja começaram a ser colhidas em Arroio do Meio na última semana. Essas áreas apresentaram quebra na produtividade de 50% em média, em razão da estiagem prolongada, que afetou o desenvolvimento da planta, floração e enchimento dos grãos.
Com 25 hectares plantados, Jair Brentano iniciou a colheita na quinta-feira, 12. As primeiras lavouras apresentaram produtividade entre 25 e 30 sacas por hectare, produção inferior a 50%, se comparada com a safra passada, quando alcançou, em média, 68 sacas. “Para ter uma ideia, no ano passado colhi 1,7mil sacas, já para esta safra, não sei se chega a 700. São mil sacas a menos”, desabafa.
O agricultor, que investiu alto em insumos, torce para que a colheita reduzida pague as despesas, uma vez que o custo de produção é alto. Lembra que outros produtores encontram-se em situação ainda pior, pois precisam desembolsar para colher e transportar o grão. “Temos as máquinas e o caminhão para transportar o que ameniza os gastos. O custo poderia ser ainda maior. Neste ano se der para empatar está bom”, fala.
Arroio do Meio
Conforme o engenheiro Agrônomo da Emater de Arroio do Meio, André Müller, a área plantada com a cultura diminuiu em 100 hectares na comparação com a última safra, quando foram plantados 1,1mil hectares. Ele explica que a estimativa de produção para Arroio do Meio na primeira quinzena de janeiro, quando foi decretada situação de emergência para o município, era de 45 sacas por hectare em média, produtividade bem abaixo dos anos anteriores, quando alcançou 61,5 sacas. “Após emergir da terra, a planta morreu devido ao calor excessivo e o clima seco. O término do período de plantio explica a diminuição de área”, revela e conclui: “As chuvas irregulares e a estiagem em março pioraram ainda mais a produtividade”.
André explica que a produção é determinada por vários fatores. Um exemplo são as áreas de várzea que produzem mais se comparadas à áreas de encostas e coxilhas. Período de plantio e localização podem influenciar no resultado final, já que as chuvas de verão costumam ser esparsas. “Por isto alguns produtores colherão menos de 25 sc/ha em média, enquanto outros 45”, salienta.
Capitão, Travesseiro e Marques de Souza
No município de Capitão há apenas 3,5 hectares do grão plantados. Em Travesseiro a área cultivada aumentou consideravelmente em relação à última safra, 175 hectares contra 110 hectares. Conforme o técnico em Agropecuária da Emater de Travesseiro, Carlos Dexheimer, a perspectiva para este ano é que sejam colhidas 35 sacas por hectare, em média, metade da produção da última safra, quando alcançou 62 sacas por hectare. “Isso se refere à projeção atual. Mas a quebra pode ser ainda maior”, salienta.
Carlos ressalta ainda que as chuvas no período compreendido entre dezembro e metade de fevereiro foram irregulares no município. Enquanto que as localidades de Linha Cairu, Sede e Picada Felipe Essig tiveram precipitações que permitiram o desenvolvimento das lavouras as comunidades de São João, Três Saltos e Barra do Fão tiveram volumes menores. Por isto, a diferença na produtividade”, ressalta.
A Emater de Marques de Souza estima uma quebra na produtividade de pelo menos 30%. Conforme a extensionista rural em agropecuária, Liliam Arnhold Fucks, um levantamento detalhado será realizado na próxima semana quando haverá maior precisão nos números sobre a cultura. “A quebra pode ser ainda maior”, revela a extensionista.
No Estado
Em caráter excepcional, por solicitação da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), a Emater/RS-Ascar divulgou, na última semana, uma atualização da estimativa de perdas na produtividade, em relação à estimativa inicial divulgada em agosto do ano passado. As projeções são referentes às culturas de soja (-32,3%) e milho (-26,3%) da safra 2019/2020. A estiagem persiste e estes números podem aumentar, anunciou o diretor técnico Alencar Ruger. Ele destaca ainda que o levantamento apresenta perdas de até 75% em alguns municípios, mas o dado refere-se a uma média estadual.