Não há quem que não estranhe o momento que vivemos. O trágico acontecimento que abala a saúde mundial, causado por um vírus, é hoje um fato que altera completamente a rotina de todos, independentemente do tipo de atividades que exerce ou da profissão a que cada qual se dedica. Moradores da cidade ou do campo, jamais estiveram tão próximos, compartilhando um sofrimento, uma angústia, incertezas, mas também esperanças de que tudo vai passar em breve.
Apesar de todas as limitações, das restrições, das orientações e até das imposições, a vida segue, a imprensa precisa continuar informando, opinando, fazendo muitas vezes um contraponto às enxurradas de palpites, de opiniões e não raras vezes de desinformações das massivas redes sociais.
Em todo este quadro de dificuldades, o produtor rural, o agricultor ou o trabalhador rural, está duplamente atingido por grandes provações. A prolongada estiagem, que se faz sentir desde o mês de novembro do ano anterior, está deixando rastros e prejuízos incontáveis em praticamente todas as regiões do nosso Estado.
Hoje são mais de 200 municípios que têm decretada situação de emergência, em razão das extraordinárias perdas verificadas nas lavouras, dizendo respeito às culturas de milho e de soja principalmente e na pecuária, a significativa diminuição na produção leiteira.
Confundem-se as situações vividas, pois há uma quantidade de decretos, alguns de calamidade pública, que o próprio Governo Federal já não consegue dar atenção às questões que os produtores rurais vêm reivindicando há meses.
Percebe-se que inúmeros agricultores que utilizaram financiamentos para a presente safra, ou não terão como honrar os compromissos ou enfrentarão muitas dificuldades se, efetivamente, o governo não tomar uma posição de apoio. As medidas paliativas, que são anunciadas, não trarão as respostas buscadas e não serão capazes de proporcionar tranquilidade e ânimo para manter a viabilidade das propriedades produtivas.
Os prejuízos com a frustração das safras agravam-se em muitos estabelecimentos rurais, com a precariedade no abastecimento de água. Em diversos municípios da região do Vale do Taquari, encontramos famílias que já não têm água potável para o consumo humano. Este fato tende a aprofundar-se com a falta de perspectivas de ocorrências de chuva.
Quando tudo isso já não é bastante, vê-se a possibilidade, por exemplo, de o preço do leite, neste mês de março, poder baixar. Haja sacrifício e resistência! O heroísmo do produtor rural fica cada vez mais evidente.
Neste contexto estranho e jamais visto, surgem informações interessantes no âmbito da comercialização de produtos agropecuários. O preço do saco de soja alcança o valor de R$ 110 reais. Se não fosse a seca!
Outro fato relevante: a exportação de carnes (suína, res e de frango) registra, neste primeiro trimestre do ano, um aumento de quase 50%, comparando os dados do mesmo período do ano anterior. Como entender tudo isso?
Sejamos fortes neste momento, pois o amanhã pode ser surpreendente.