A falta de chuvas e a persistência das temperaturas elevadas agravam diariamente o quadro de estiagem em todo
o estado do Rio Grande do Sul e partes dos vizinhos estados de Santa Catarina e Paraná.
O mês de março, a exemplo do que já ocorrera em janeiro e fevereiro, registrou volumes insignifi cantes de precipitações na maior parte das regiões produtoras, causando
grandes perdas nas lavouras de grãos, culturas de milho
e soja, mas também repercutiu na produção de frutas, especialmente na uva, ameixa, maçã e pêssego, na região da
Serra Gaúcha.
Mesmo não tendo um número fi nal, mas deve aproximar-se de 250 os municípios que desde o mês de dezembro de 2019 vêm procedendo a decretação de Situação de
Emergência, como medida de resguardo das necessidades
dos produtores rurais, diante das difi culdades que se manifestam no dia a dia.
Técnicos da Emater/RS-Ascar estão contabilizando
mais de 3,5 mil laudos em lavouras de milho, que contraíram fi nanciamentos, contratando o seguro Proagro, tendo
praticamente o mesmo número de lavouras de soja, além
das situações de produção de frutas.
Os produtores rurais, líderes classistas e entidades
apoiadoras estão fazendo a sua parte, mas lamentam a
excessiva demora dos governos do Estado e da União em
tomarem as medidas esperadas e exaustivamente reivindicadas, no decorrer dos três meses deste ano, além do mês
de dezembro do ano anterior.
A prorrogação de prazos para quitação de fi nanciamentos, a concessão de crédito emergencial, para os produtores atendidos pelo Pronaf e a Bolsa Estiagem para amparar os agricultores que não mais dispõem de água para
animais e o consumo humano, são postulações reiteradas,
mas sem respostas positivas e concretas.
No início desta semana tenho ouvido um desabafo do
deputado federal Jerônimo Goergen, dizendo-se inconformado com a falta de atenção do governo federal em
relação aos produtores rurais gaúchos. Segundo o parlamentar, identifi cado com o agronegócio e o setor primário,
toda a atenção está sendo destinada à área da saúde, não
considerando as imensas difi culdades que o produtor e
toda a classe rural do Estado estão a enfrentar. O congressista demonstra disposição em mobilizar os órgãos governamentais para agilizar as ações de ajuda.
Efetivamente temos que reiterar que as medidas até
aqui tomadas pelos governos federal e estadual, são tímidas e quase insignifi cantes. Cito o exemplo da anunciada
prorrogação do prazo para o pagamento das sementes
de milho e sorgo, do Programa Troca-troca. De 30 de abril
passa para 31 de maio. Conceder trinta dias a mais para
a quitação de um compromisso, representa quase nada,
considerando os imensuráveis prejuízos que os produtores
estão amargando.
A quase totalidade dos agricultores que utilizam as sementes do Troca-troca são produtores de leite. E a situação
dos leiteiros é de conhecimento de todos, verifi cando-se
desistências e muita insegurança, sem perspectivas de recuperação da atividade, em crise nos últimos três anos.