As medidas de prevenção ao novo coronavírus têm apresentado uma conta cara ao comércio varejista. O empresário Fabrício Brandolff, que possui três lojas de confecções em Arroio do Meio, ficou praticamente um mês, de 21 de março a 16 de abril, sem atendimento direto ao público. O que provocou, um “impacto terrível”, com queda de 80% nas vendas. Entre as consequências diretas, houve readequação no quadro de funcionárias, com duas demissões e três contratos suspensos, e a paralisação temporária das atividades na loja de bairro, que devem voltar somente depois do inverno.
Os prejuízos só não foram maiores no período porque, depois de duas semanas com as lojas fechadas, veio a decisão de vender on-line. Uma tendência que foi antecipada pela pandemia e que permite ampliar o público, com vendas para outras cidades. “É uma experiência nova, o futuro. Também foi uma forma de mantermos nossa cabeça ocupada”, relata, destacando que é preciso se reinventar.
Contudo, Fabrício não tem boas perspectivas para curto e médio prazo. Nem para o Dia das Mães, que é a segunda melhor data do ano para o comércio, perdendo apenas para o Natal. Ele acredita que o aumento no número de casos confirmados da doença faça, ao natural, o consumidor se resguardar, diminuindo o movimento nas lojas.
Além disso, a suspensão dos eventos sociais, como festas semanais e comunitárias, traz impactos em cadeia e num tempo prolongado. A roupa nova para a festa deixa de ser comprada, assim como outros serviços, ficam num segundo plano. “Mesmo que tudo volte ao normal, o jeito das pessoas consumirem mudou”, pondera o lojista, que não deixa de lado o otimismo. “Acredito que a retomada deve acontecer a partir de setembro”, projeta.
Pouco antes de o comércio não essencial ser fechado por decreto, o empreendedor tinha viajado e reforçado seu estoque. Com isso, não terá a necessidade viajar por 60 dias, precavendo também sua saúde. Experiente, já estima que o custo da confecção terá alta em função do dólar, mesmo que a fabricação seja nacional. Isto porque há muita matéria-prima importada, que vai custar mais. Fabrício ainda não sabe se terá condição de investir na coleção de inverno, que é um desafio por si só. São mercadorias mais caras e que, em tempos normais, já correm o risco de ficar nas lojas se o frio não for muito intenso.
Mas, apesar de todos os desafios, Fabrício se mantém otimista e esperançoso. Tem aproveitado o tempo, antes tão escasso, para buscar conhecimento. “Agora temos de manter o bom senso e nos cuidar. Tudo isso vai passar”, avalia, dizendo que os prejuízos serão amenizados de forma mais rápida se a comunidade retribuir o empenho dos empreendedores locais na contenção da disseminação do vírus. “Se Arroio do Meio não tem mais casos hoje é porque todo o comércio fez sua parte, fechando suas lojas, muitos antes do decreto. Esperamos que a comunidade valorize nossa ação, comprando no comércio local, o que fará bem para todo o município”.


