Em decreto publicado na terça-feira, data que entrou em vigor, o município de Arroio do Meio, avança na flexibilização responsável das medidas de prevenção ao novo coronavírus. A medida prevê a reabertura de ginásios esportivos, quadras abertas, canchas de bocha e bolão, bem como a flexibilização de atividades de cunho cultural, como teatro, corais, grupos de dança e afins. Para as duas situações há normas a serem cumpridas, além de estarem sujeitas a mudanças que possam ocorrer no período de pandemia, o que inclui a classificação no sistema estadual de distanciamento controlado, que tem restrições maiores em caso de bandeira vermelha ou preta.
O decreto fundamenta-se no fato de que o número de casos de transmissão da covid-19 está estável, e com número expressivo de pacientes curados, dando conta de que a comunidade está ciente e responsável quanto às regras impostas pelos Decretos Estaduais e Municipais, cumprindo as orientações de distanciamento social e de higiene, comportamento que vem reduzindo a disseminação do coronavírus.
De 15 de abril, quando o município teve a confirmação do primeiro caso, até a terça-feira, 21, houve o registro de 188 casos da doença. Destes pacientes, 181 já estão recuperados, e entre os sete que estavam com a doença ativa, não havia nenhum internado no hospital. Muitas pessoas tiveram a confirmação do contágio pelo coronavírus quando já estavam recuperadas e a grande maioria não precisou de internação hospitalar.
“Trabalhamos desde o início com a construção da conduta responsável de cada cidadão, com uma série de restrições e prevenção em prol do coletivo. Num quadro geral, entendemos que os resultados que o Município vem tendo, de prevenção e enfrentamento ao vírus, são em função da capacidade e organização da comunidade, assim como da equipe de profissionais”, assinala o prefeito Klaus Werner Schnack. “A partir disso, acreditamos que seja o momento de encaminhar avanços com liberdade responsável, devolvendo à comunidade a sua liberdade, assim como já acontece em relação ao trabalho e demais rotinas de obrigações”, afirma o prefeito. “Vamos buscar organizar a retomada gradativa de mais segmentos, a partir dessa liberdade exercida com responsabilidade”, conclui.
O secretário de Saúde e Assistência Social, Gustavo Zanotelli, observa que o tema era um pedido recorrente nas reuniões semanais do Comitê de Gestão de Crise, que monitora a situação da covid-19 no município. Assim, a equipe entendeu que é possível flexibilizar o esporte e atividades culturais, desde que sejam respeitadas algumas condições.
Na quarta-feira, Zanotelli informou que o setor de Vigilância Sanitária já estava passando nos ginásios orientando, e deixando por escrito, as normas de conduta da flexibilização no esporte. Lembrou que atletas sintomáticos não podem participar dos jogos, assim como não é permitido que os times locais recebam times de fora.
Gustavo lembra que a decisão foi fundamentada na conduta responsável de cada cidadão e que esta deve ter continuidade. O Comitê vai monitorar o que acontece a partir da flexibilização. “Tudo vai depender de como a comunidade vai se portar durante essa semana, principalmente os atletas que vão voltar às suas atividades. É uma medida que estamos proporcionando tendo em vista a conduta responsável da nossa comunidade. A conduta responsável de cada cidadão leva à liberdade de toda a comunidade”, salienta.
As regras
Para a retomada gradativa das atividades com segurança, o município estabeleceu uma série de regras que devem ser respeitadas. A prática esportiva pode ocorrer entre às 7h e 23h, desde que sejam respeitados, distanciamento controlado e higienização, já previstos , assim como a utilização de máscaras. Também deve ser disponibilizado álcool gel para os frequentadores e feita a higienização do material esportivo e equipamentos de uso comum, bem como de banheiros e vestiários.
A fim de não ter aglomeração, não é permitido público nos espaços esportivos e os frequentadores podem permanecer no local por até uma hora após o encerramento da atividade desportiva. É vedada a participação de menores de 16 anos e de pessoas que integram o grupo de risco ou têm algum tipo de comorbidade.
Os jogos devem ter caráter recreativo, restritos aos atletas integrados à comunidade local, sendo vedada a abertura de novos horários durante o período de pandemia para atletas que assim não se enquadrarem, sob pena de responsabilização administrativa, cível e criminal.
Já nas atividades de cunho cultural, devem ser seguidas as normas de higiene já vigentes e o uso obrigatório de máscara. Assim como nos esportes, é vedada a participação de integrantes do grupo de risco ou com algum tipo de comorbidade e menores de 16 anos.
Cuidados devem ser mantidos
O presidente da Liga de Bocha de Arroio do Meio, Gerson Fernando Lagemann, considera a flexibilização um avanço importante. Diz que é preciso retomar devagar, mantendo todos os cuidados de prevenção e que os praticantes do esporte estavam ansiosos para novamente ocuparem as canchas.
Em março, quando a epidemia forçou ações mais restritivas, estava em andamento o Campeonato Força Livre, com a participação de 18 equipes, envolvendo aproximadamente 500 pessoas, distribuídas em várias canchas nas comunidades. Gerson ainda não tem previsão do retorno da segunda fase da competição, assim como não há perspectivas para a realização do Campeonato de Veteranos, que seria disputado no segundo semestre e que envolve um público com mais idade.
Um passo de cada vez
Para o presidente da Liga Arroiomeense de Futebol Amador, José Elton Lorscheiter, o Pantera, é importante tentar voltar aos poucos, e com responsabilidade, para as atividades cotidianas. Entende que as pessoas e os clubes precisam seguir as regras de prevenção para que não haja aumento indiscriminado no número de casos, o que pode forçar um retrocesso na flexibilização. Considera acertada a medida de, num primeiro momento, serem disputados apenas jogos para fins de recreação e avalia que, a partir deste primeiro passo, poderá ser construído um cenário para se pensar na retomada do Campeonato Municipal, que envolve aproximadamente 400 pessoas.
José Elton acredita que as pessoas estão bem cientes dos riscos e dos cuidados necessários e observa que é preciso aprender a conviver com essa nova situação, visto que a normalidade total só será possível quando houver uma vacina disponível.
Cada grupo tem autonomia para decidir
A presidente do Núcleo de Cultura, Alice Forneck, acredita que ainda é cedo para uma retomada, especialmente dos corais. Integrante do Coral Concórdia, de São Caetano, percebe que, além dos riscos de contágio, o canto coral fica difícil de ser praticado seguindo as normas recomendadas, como usar máscara e manter o distanciamento. Também pesa o fato de a maioria dos coralistas ser do grupo de risco, em função da idade.
Alice pondera que em outros grupos, como de danças e de artesanato, a realidade é diferente da dos corais. “Não sou a favor da retomada dos corais. Os demais grupos são um pouco diferentes, mas também há um grande risco e eu não gostaria de colocar ninguém em situação de risco”, pontua, salientando que cada segmento tem autonomia para decidir, mas acharia prudente aguardar um pouco mais.
O Núcleo Municipal de Cultura engloba 12 grupos culturais do município, de atividades diversas como dança, canto coral, teatro, música, cultura e artesanato. Envolve, diretamente, 700 pessoas.