Conforme a água ia baixando de quinta para sexta-feira, a comunidade ribeirinha tinha visão dos estragos causados pela enchente. Na rua Campos Sales, no bairro Navegantes, que foi inundada de fora a fora, as pessoas perderam muitos bens e conquistas e encontraram um trabalho árduo de limpeza e remoção do lodo e dos entulhos.
Na Escola Comunitária de Educação Infantil Atalaia, direção e funcionários não puderam conter a emoção. A enchente que invadiu o prédio, chegou a mais de um metro em algumas salas. O sentimento, segundo a diretora Iolanda Bruxel, foi de tristeza ao ver como tudo ficou, ao reentrar na escola. O assoalho de madeira, lixado e envernizado, com a água, estufou e começa a sair do lugar. As prateleiras, os móveis feitos sob encomenda para acomodar os colchonetes, os armários e tudo mais que é feito de chapas de compensado e MDF estragaram e estão perdidos.
A água invadiu cozinha, banheiros, sala da direção e em todos cômodos houve prejuízos. Ficaram inutilizáveis utensílios, mantimentos, material pedagógico, computadores e, o que segundo a diretora era um dos bens mais preciosos da Ecei, os documentos e arquivos da escola. “Perdemos aqui todas as informações dos professores e aqui todas as informações dos alunos”, disse Iolanda, mostrando as pastas encharcadas. O material estava, assim como os demais, acomodado em prateleiras mais altas, mas não se livraram da água.
Fundada em agosto de 1981, a Atalaia já atendeu em prédio na rua Gustavo Wienandts, indo depois para onde hoje é a Secretaria Municipal de Educação e, por fim, para a rua Campos Sales. Ali, foi a segunda enchente que vivenciou. A primeira não passou dos 10 cm e Iolanda comenta que todos prepararam-se para uma cheia semelhante, cujos prejuízos foram infinitamente menores. “Ninguém imaginou que a água viesse tão alto e que subisse tão rápido”, completa.
Na sexta-feira, dia 10, ela e alguns funcionários da Ecei foram para lá para um mutirão de limpeza e organização. “Não está toda a equipe, pois muitas de nossas colegas estão agora em suas casas, fazendo esse mesmo trabalho, pois moram na comunidade. E a gente entende completamente”, ressalta, lembrando que as famílias dos alunos estavam na mesma situação. A limpeza seguiu ainda durante esta semana. Numa segunda fase, inicia o levantamento dos prejuízos.
A Ecei Atalaia atende a 105 crianças com idades entre quatro meses e três anos. São 25 funcionários, contando a direção. A retomada das atividades, que já era indefinida devido à pandemia do coronavírus, fica agora sem previsão alguma. “Com tudo isso que aconteceu, temos muito também a agradecer. Às nossas funcionárias, em especial ao senhor Astor Schmidt”, frisa a diretora. Schmidt ficou tomando conta do educandário até o momento de elevação da água, na noite da quarta. Precisou ser buscado de caíque para, então, ir ajudar a sua família, que também mora na comunidade. Iolanda agradece ainda ao prefeito Klaus Schnack, vice Eluise Hammes, coordenadora da Educação Infantil, Denise Neumann e toda a equipe da secretaria de Educação, diretoras das Eceis e educadoras, a equipe de apoio das escolas, a Apaecei ,as educadoras e demais funcionárias da Atalaia e aos voluntários.
Contatada pela reportagem do AT, a secretária-adjunta de Educação, Marlise Führ declarou que o momento agora é de limpeza do espaço, avaliação e levantamento do estado em que se encontram os móveis, brinquedos, eletrônicos, enfim de toda a estrutura da escola. “A partir disto, vamos aguardar o levantamento que será realizado pela diretora da Ecei Atalaia e pela equipe de engenharia para definirmos como vamos proceder e que estratégias serão utilizadas. Neste momento, realmente precisamos aguardar este levantamento para definirmos as próximas ações. O município sempre é parceiro”, conclui.