O advogado Luciano José Moresco, 47 anos, de Encantado, é o novo nome à frente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat). A eleição ocorreu no fim do ano passado e ele assume no lugar da economista Cíntia Agostini. O mandato iniciado neste mês, vai até março de 2023.
O Codevat, ao longo dos últimos anos, tem participado ativamente de assuntos de grande interesse regional, destacando as questões que envolvem a concessão de rodovias que cortam a região, especialmente a BR-386 (já efetivada), e ERS-129 e 130, que passarão para os estudos e processos de concessão no próximo período. Segundo o novo presidente, estão na pauta permanente do Codevat as questões de melhorias nos sistemas de fornecimento de energia, sinal de celular, entre outras.
“Uma das bandeiras que deverão pautar ações do Codevat está relacionada ao turismo, considerando os grandes investimentos na região, com destaque para o Trem dos Vales e a construção do Cristo Protetor, em Encantado, que tem despertado interesses, não só para quem quer visitá-lo, mas para investidores. O Codevat compreende uma das regiões mais bonitas do estado e esses novos investimentos em turismo se somam a outros já existentes, com destaque para o Caminho da Erva-mate e o Caminho dos Moinhos. Ou seja, há um grande potencial econômico que se apresenta e temos que trabalhar todas variáveis para colher os melhores frutos disso”, explica Moresco.
Conforme ele, o Codevat tem coordenado, com muito êxito, o processo da Consulta Popular, que está vinculado ao Governo do Estado, discutindo prioridades regionais de investimentos. Ressalta que tem se observado ao longo dos últimos anos, uma menor participação das comunidades nesse processo, o que se explica comparando que, há 10 anos, a região debatia o destino de mais de R$ 6 milhões para ações regionais prioritárias e, neste ano, o valor disponibilizado pelo Estado foi de R$ 600 mil, tendo sido eleita como prioridade de investimentos a demanda de estruturação do turismo rural no Vale do Taquari, a partir das agroindústrias familiares.
“Assumir o Codevat, sem dúvida, é um grande desafio, que fica ainda maior na medida em que será a primeira vez que o conselho será conduzido por um representante da região alta do Vale do Taquari. O objetivo é fazer com que todos os municípios que compõem a região de abrangência se sintam representados e estimulados a participar ativamente das discussões e na busca de solução para nossas demandas regionais”, conta.
Quanto à pandemia, Moresco avalia que os seus efeitos negativos foram, sim, sentidos no Vale do Taquari, como não poderia ser diferente num mundo de economia globalizada. “Acredito que os efeitos tenham sido um pouco menores em nossa região se compararmos com outras, pois como uma de nossas principais características econômicas está vinculada à produção de alimentos, mesmo na pandemia, abre-se mão de algumas coisas, mas não de comer. O próprio auxilio emergencial do governo suavizou um pouco o flagelo das famílias mais vulneráveis no período mais crítico, sendo que a maior parte desse valor foi usada para consumo básico, especialmente alimentos”, diz.
Amplo currículo de experiência
Formado pela Unisinos e pós-graduado em Direito Tributário pela FGV, Moresco foi indicado à presidência pela CIC Regional Vale do Taquari. A diretoria executiva do Codevat é formada por representantes da CIC/VT, Univates, Amvat, Avat, STR/ Fetag e Amturvales, além de outras instituições que integram o conselho fiscal e o conselho das entidades, com ampla participação regional.
Advogado há 25 anos, com experiência como assessor de câmara de vereadores e prefeituras, de 2009 a 2012, o novo presidente do Codevat traz em seu currículo também a experiência de ter sido secretário de administração e, de 2013 a 2020, vereador em Encantado. Ainda, de janeiro a agosto de 2017, foi secretário da gestão financeira de seu município e presidiu, de 2013 a 2015, o Conselho Regional dos Representantes das Rodovias Pedagiadas (Corepe).
Confira mais da entrevista:
AT – Como avalia o impacto da pandemia no Vale, em termos de geração de emprego e renda? Há ações que a região possa fazer para amenizar isso?
Luciano José Moresco – O Vale do Taquari, por sua dinamicidade econômica, reage melhor às diversas crises econômicas. Essa crise, decorrente de uma crise de saúde pública não foi diferente. O Vale possui atuação em diversos elos de diferentes cadeias produtivas, mais fortemente no agronegócio. Os alimentos – itens básicos na vida das pessoas – continuaram sendo adquiridos e produzidos, em ritmo menor, mas sem impactos significativos como os setores de eventos, entretenimento, lazer, turismo e até mesmo, confecção e calçados, entre outros. Assim, a economia do Vale reagiu mais rapidamente que a economia estadual e nacional, já tendo balança dos empregos equilibrada ao final do ano. Isso não invalida o fato de termos pessoas desempregadas e pessoas trabalhando na informalidade. Como todos, o Vale está passando pela crise, mas reagindo melhor e isso ameniza os impactos econômicos gerados pela crise de saúde pública. Tratando de ações, além de contribuir para o fortalecimento de negócios tradicionais, é fundamental estimular processos, negócios, produtos e serviços inovadores, que deem conta da inserção mais qualificada dos negócios regionais, tanto no mercado nacional como internacional.
AT – Muitos setores têm enfrentado a escassez de matéria prima. Como vê o impacto disso na economia regional?
Luciano José Moresco – Como tantos outros setores, também no Vale somos impactados com a falta de matéria prima e isso encarece os produtos e serviços entregues para a sociedade. Invariavelmente isso vai acontecer com todos os setores e negócios e já está tornando o custo de vida da população mais caro. No entanto, além de uma boa programação dos negócios, para minimizar os impactos de aquisições e produção, não há um impacto diferente no Vale, daquele que acontece em todo o Brasil.
AT – 2020 foi um ano atípico, de muitas mudanças e também avanços. Quais os aprendizados que a pandemia trouxe para os mais variados setores?
Luciano José Moresco – Todos os setores perceberam que a inovação é uma alteração para pequenos, médios e grandes negócios. Inovar em pequenos aspectos, processos, produtos ou serviços, manteve vários negócios ativos nesse período.
AT – O agronegócio é um dos principais geradores de renda e empregos no Vale do Taquari. Que projeções podem ser feitas para este ano que se inicia?
Luciano José Moresco – O agronegócio foi quem manteve o Brasil, o RS e o Vale durante muitos anos. Esse setor continuará sendo aquele que mantém um bom crescimento da economia brasileira, no entanto, o período de estiagem que se avizinha preocupa muito e os impactos já estão sendo sentidos na produção e nos custos dos produtos. Políticas públicas municipais, estaduais e federais, que minimizem o impacto da estiagem são fundamentais para que o agronegócio continue resultando positivamente para a economia brasileira.