Um baú antigo construído pelo bisavô natural da Inglaterra é uma recordação mantida por Arlindo Costa, 56 anos em São Luiz no interior de Capitão que desde pequeno demonstrava interesse pelo entalhe em madeira e montagem de móveis e brinquedos. “Eu mesmo montava e desmontava o meu carrinho de lomba”, brinca.
Hoje, Arlindo ao lado da esposa Marlene, 54 anos e a filha Taisa, 20 anos, administram uma marcenaria, especializada na montagem de pequenos móveis e esculturas entalhadas em madeira. Todo o trabalho é feito em um galpão aos fundos da residência, em São Luiz, reconstruído em 2007 após um incêndio.
A maior parte do trabalho é feita de forma artesanal. Máquinas são utilizadas para o corte preciso das peças e foram recentemente compradas por Arlindo. Com a chegada da pandemia e o aumento na concorrência dentro do setor moveleiro, a família teve de se reinventar e hoje foca o seu trabalho na criação de peças únicas como mesas, portas, placas e janelas e restaurações.
É de Arlindo a criação das portas instaladas no CTG Querência do Arroio do Meio e o entalhe nos altares das paróquias de Conventos, Montanha e Universitário, em Lajeado. Quadros com imagens religiosas ou letreiros também são criados na marcenaria e têm como destino sítios e chácaras de Capitão. “O trabalho não é difícil, mas exige um cuidado especial na hora do entalhe que pode demorar até cinco dias dependendo da imagem ou peça solicitada pelo cliente. As madeiras muitas vezes são reaproveitadas”, explica.
Arlindo adquiriu experiência muito cedo. Aos 15 anos foi empregado da família Bruxel responsável pelo transporte de leite e nas horas vagas ocupava seu tempo com a criação de peças em madeira pois, como ele mesmo define, “era o que realmente gostava de fazer”. Isso fez com que ele buscasse emprego em marcenarias de Arroio do Meio ao longo dos anos.
Assim que parou de transportar leite, Arlindo trabalhou um tempo na roça com os pais. Aos 21 anos de idade foi contratado pela antiga Madeireira Arroio do Meio instalada onde atualmente está situado o prédio da Benoit e, um ano depois, começou nas Esquadrias Bela Vista, onde permaneceu por oito ou nove anos até montar um espaço próprio em São Luiz.
RECOMEÇO EM 2007
Um incêndio de grandes proporções atingiu a marcenaria da família na tarde de 7 de fevereiro de 2007. Todo o trabalho construído por Arlindo até então foi consumido pelas chamas em menos de 30 minutos. A suspeita recai sobre componentes inflamáveis, como thinner, verniz, gasolina e espuma expansiva que estavam expostas ao calor e possivelmente entraram em combustão. As chamas se alastraram para todo o galpão atingindo máquinas, motosserras e o depósito de madeiras. “Era um dos dias mais quentes do ano. Perdemos tudo que tínhamos, voltamos à estaca zero. Tivemos que recomeçar”.
A reconstrução do pavilhão demorou dois a três meses e contou com a ajuda dos familiares que forneceram materiais e mão de obra e poder público que fez a doação do telhado. Logo depois, Arlindo conseguiu alugar o maquinário e, em três meses, havia retomado os serviços. Com a restruturação, ele ao lado da esposa Marlene e com o auxílio das filhas Aline, 23 anos e Taisa, seguiram na atividade e ainda se reinventam. “Enquanto Deus me der saúde, quero continuar trabalhando”, diz o pai.
Além do foco na mercenária e o trabalho na roça, Arlindo e a família pretendem investir no confinamento de gado, aproveitando as áreas de terra e a valorização no preço da carne. A ideia é de vender os primeiros lotes no próximo ano, criando uma renda extra também para a família.
