Nas últimas semanas pelo menos cinco pessoas foram vítimas de um novo golpe para sacar valores das contas por meio do uso do cartão bancário das próprias vítimas. De acordo com o delegado Humberto Mesa Rohrig, os criminosos entram em contato por telefone, se passando por representantes de instituições financeiras, alegando problemas com a movimentação das contas bancárias. No meio da ligação, eles pedem a confirmação da senha e por meio do som da digitação numérica descobrem o número exato.
Posteriormente mandam alguma pessoa até a residência das vítimas, se apresentando como funcionários do banco ou como parte da investigação da polícia, para recolher os cartões. “É um tipo de crime que está em fase muito precoce, mas ao que tudo indica é uma organização criminosa que atua em âmbito estadual e usa uma engenharia social bem estruturada para envolver as vítimas. Os valores sacados e movimentados com os cartões são expressivos. Mas é preciso lembrar que a orientação dos próprios bancos é de não aceitar ligações e de não entregar documentos para pessoas que não atuam dentro das agências. Em caso de suspeitas é preciso bloquear o cartão, tentar buscar esclarecimentos com os gerentes dos bancos, amigos ou pessoas da própria família que tenham mais aptidão tecnológica e financeira. Também evitar depósitos ou transferências, durante abordagens virtuais”, alerta o delegado.
A gerente geral da Caixa Econômica Federal de Arroio do Meio, Márcia Liane Real revela que os primeiros casos deste novo tipo de golpe na agência começaram a ser detectados em abril. “As pessoas vinham desesperadas na agência. As vítimas são tanto do interior como da cidade. Geralmente não têm aptidão tecnológica. Os golpes são feitos em ligações para telefones fixos, com abordagens em torno da conferência de operações financeiras mostrando preocupação e prontidão. A fase presencial que ocorre pouco tempo depois, indica que há mais envolvidos nesta prática. Pelo que as vítimas nos relataram, os criminosos são jovens, bem comunicativos e apresentados. Com crachás das instituições financeiras e até da polícia, para transparecer confiabilidade para recolher os cartões. Posteriormente, sacavam valores ou faziam compras até bloqueio dos cartões. Movimentaram valores expressivos, economias de uma vida inteira. As vítimas ficaram traumatizadas”, detalha.
Infelizmente, como a senha é individual e intransferível, a gerente revela que há pouco a ser feito depois de as vítimas serem lesadas. “Os bancos jamais entram em contato, vão até o endereço ou abordam os clientes para pedir cartões e senhas, ou enviam links. É preciso desconfiar sempre. Quando alguém passa a senha para outra pessoa, a responsabilidade é da pessoa. Não é uma atribuição da instituição financeira”, revela. Em casos de suspeitas, a gerente sugere o bloqueio imediato dos cartões por meio do 0800 e/ou buscar uma agência para uma análise mais criteriosa. “Vale o alerta à comunidade, para evitar com que mais pessoas sejam lesadas”, salienta.
O gerente do Banco do Brasil, Edson de Castro revela que o golpe é conhecido como “fraude do motoboy”. Segundo ele, durante a pandemia aumentaram as modalidades de golpes. Entretanto, apesar da preocupação em torno de crimes cibernéticos, os aplicativos são seguros e muito eficientes. “É preciso cuidar com clonagens de número de WhattsApp, que podem resultar em posteriores checagens e sincronização de dados. Sempre desconfiar de e-mails e ligações que supostamente estão vindo do banco. Tivemos situações em que pessoas estavam prestes a liberar chaves de acesso ou mudar códigos em frente aos terminais eletrônicos da agência. Desconfiamos, pois estavam com o telefone num ouvido e demorando no terminal, o que permitiu uma intervenção a tempo. O fato de estarmos numa cidade em que todos se conhecem e conhecem quem atua nos bancos, faz com que esse tipo de crime não tenha tanta eficiência e recorrência”. Edson diz que os clientes não precisam ter medo de prestar informações quando eles mesmos tomam a iniciativa e ligam para os bancos ou usam os aplicativos.
Segundo informações levantadas com outras agências, os golpes estão ocorrendo em diversas modalidades e ocorrem em todo o Brasil.

