O retorno das atividades presenciais nas Escolas Comunitárias de Educação Infantil (Eceis) e nas escolas de Ensino Fundamental deixa a rotina de muitas famílias mais próxima da normalidade. No Centro de Referência da Assistência Social (Cras) de Arroio do Meio, a falta de aulas presenciais tem sido um dos principais motivadores para que famílias buscassem auxílio. Isto porque muitas mães precisaram deixar o trabalho pois não tinham com quem deixar os filhos, o que comprometeu a renda de famílias que até então nunca haviam necessitado ajuda do Cras.
O número de cestas básicas distribuídas aumentou nos últimos meses. “No final de 2019, início de 2020, eram em média 15 ao mês. Hoje são cerca de 40. São, na maioria, famílias que não estão recebendo auxílio emergencial e têm crianças em casa. Mas este número, tende a cair rapidamente”, salienta a assistente social Natalia Capitanio. “Percebemos que a escola dá a oportunidade para a as famílias se reorganizarem. Arroio do Meio é um município que tem muitas oportunidades de trabalho e assim que a família tenha onde deixar as crianças, as pessoas voltam a trabalhar, ter renda e autonomia”, afirma.
Além disso, reforça que se não bastassem os impactos da pandemia, a enchente do ano passado agravou o quadro de dificuldade de muitas famílias. Algumas perderam tudo, inclusive a casa. Apesar dos desafios, a assistente social lembra que Arroio do Meio não registra nenhum caso de extrema pobreza, quando a renda per capita de até R$ 70 por mês, de acordo com critérios do Governo Federal. Há sim cadastrados no Bolsa Família, mas com renda na faixa dos R$ 150 per capita.
No Cras as famílias não recebem apenas cesta básica. O grupo de profissionais tem um olhar mais amplo, focado em todas as demandas familiares, inclusive com orientações para novas oportunidades de trabalho. “Por sorte temos empresas grandes no município, que oferecem muitos benefícios e sempre estamos buscando oportunidades para nossos usuários”, afirma, salientando que é muito cultural no município o fato de não buscar ajuda se esta não for realmente necessária.
Natalia observa que quando o tripé educação, trabalho e assistência funciona,w fica mais fácil para as famílias se organizarem e seguirem suas vidas. Além disso, frisa que é justamente porque a rede funciona bem que o trabalho da assistência social fica mais consolidado. “Temos uma gestão que apoia e uma rede que faz, por isso os resultados são positivos”, observa.
Imigrantes
Na questão dos imigrantes, especialmente haitianos, que são em maior número, a assistente social reforça que não é de sua cultura pedir ajuda para o poder público. Preferem buscar auxílio entre os seus. Contudo, o município não tem fechado os olhos para suas necessidades. Por meio da organização religiosa, onde há quem compreenda a língua e as demandas das famílias, o Cras tem auxiliado com alimentos e outros direcionamentos. Da mesma forma, tem incentivado para a saúde preventiva, especialmente o pré-natal das gestantes, e também de métodos contraceptivos.