Associados do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arroio do Meio tiveram, na sexta-feira, um encontro na sede da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Arroio do Meio (Acisam), alusivo aos 58 anos de fundação da entidade.
O momento teve participação de integrantes da diretoria, membros da regional sindical, associados da área de atuação do STR de Capitão e Travesseiro, e ex-funcionários e ex-membros do quadro diretivo, que ressaltaram a importância das lutas por direitos básicos, as conquistas para a classe, que indiretamente beneficiaram trabalhadores de outros segmentos, e a necessidade de manutenção da mobilização sindical para demandas futuras.
O presidente Astor Klaus falou dos desafios da renovação do quadro de associados e reforçou que, apesar do número de sindicalistas estar diminuindo, é fundamental continuar plantando bons propósitos para garantir boas colheitas no futuro.
O tesoureiro André Beuren historiou a falta de perspectivas da agricultura nas décadas de 1980 e 1990 que motivaram o êxodo rural, destacando a crise econômica, política e secas históricas. Juntamente com os demais presentes, relembrou do drama das famílias, que era tão intenso que a organização sindical foi uma necessidade para a reivindicação de direitos básicos, como melhores condições de crédito rural, seguro agrícola, aposentadoria dos agricultores e das mulheres, instituição do salário mínimo, energia elétrica, programas de moradia, entre outras conquistas, que tornaram a causa sindical gratificante. “Muitos ficaram longe da família em meio à pressão do enfrentamento das forças de segurança, além do preconceito alimentado pelas autoridades para desqualificar nossa mobilização, que ajudou a fortalecer a economia como um todo. Uma pena que as novas gerações não refletem que, se hoje as propriedades estão bem estruturadas, muitos militantes morreram sem usufruir dessas conquistas”.
O vice-presidente Paulo Grassi fez uma reflexão do papel sindical nos dias de hoje, alertando para um novo movimento da elite contra a organização da sociedade, em busca de condições mais dignas de cidadania e qualidade de vida. Falou da necessidade da política econômica do país voltar a ter mais atenção à distribuição de renda e geração de oportunidades, beneficiando mais camadas sociais. Alertou que um dos desafios dos agricultores será encontrar mercado lucrativo para a produção, que pode complicar com o aumento da desigualdade social. “No mesmo ano que o número de brasileiros bilionários, em dólar, passou de 100, o nível de insegurança alimentar atinge uma a cada duas pessoas do nosso país. Com a tecnologia que existe hoje, produzir é o mais fácil”.
Em âmbito local, destacou os desafios da agricultura familiar em meio a uma mudança de posicionamento dos negócios globais. “No RS deixamos de exportar 21% de proteína animal de valor agregado, em decorrência do aumento da exportação de grãos. Precisamos analisar esses reflexos a longo prazo, porque no dia a dia é difícil perceber”.
Grassi também falou do papel da agricultura em promover inclusão social e da renovação do quadro sindical, que hoje conta com 15 jovens traveseirenses, 30 capitanenses e 48 arroio-meenses. Observando que hoje são mais de nove mil aposentados no município, o que é um reflexo positivo da mobilização sindical.
O presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR) de Cruzeiro do Sul e coordenador da Regional Sindical Vale do Taquari, Marcos Antônio Hinrichsen, destacou a importância do fortalecimento da sincronia entre as entidades que defendem a agricultura familiar para os desafios em torno da nova conjuntura econômica, social, institucional e política. Observa que, além da renovação do movimento sindical e manter a mobilização viva é preciso estar atento às novas pautas e, se necessário, buscar a reinvenção da estrutura organizacional dentro dos novos formatos e pleitos. “O sindicato é uma ferramenta de luta, independentemente do modal produtivo. A preocupação com alguns temas deve ser constante, como a compra de terras, internet, energia elétrica, direito a previdência, e evitar a privatização de questões básicas para a cidadania como o SUS e a água, que pode impactar no uso do subsolo, podendo impactar, inclusive, no abastecimento de granjas”, observou.
Hinrichsen pondera que, além da soberania na produção de alimentos, os sindicatos são importantes em garantir qualidade de vida aos produtores e fundamentais para discussão de políticas públicas para classe.