A Sala das Margaridas, local para acolhimento e atendimento de mulheres vítimas de violência em Arroio do Meio, já conta com 64 atendimentos oficiais registrados em ocorrência do início do ano até o começo do mês de julho. O espaço foi inaugurado em novembro do ano passado e fica na Delegacia da Polícia Civil.
A Sala oferece um ambiente exclusivo vítimas e seus filhos, separado de onde são registradas as ocorrências gerais e longe do agressor. A ideia é garantir a privacidade e o respeito às mulheres durante o relato das situações vividas.
Conforme explica a delegada de polícia do município, Dieli Caumo Stobbe, de janeiro até os primeiros dias de julho, quase todos os dias há atendimentos de violência doméstica e para vulneráveis que buscam o serviço para orientação. “Muitas vezes, elas vêm até aqui para conversar e não para registrar a ocorrência, por isso o número dos não registros é bem maior. Elas querem saber como proceder em determinada situação, o que fazer, o que vai acontecer se ela registrar uma ocorrência e como funcionam as medidas protetivas. Estamos aqui para ajudar e atender.”
Ela diz que, em comparação com o ano passado, houve aumento nos atendimentos de violência doméstica e flagrantes. Em alguns momentos, até há mais que um caso por dia. “Temos um movimento grande e percebi isso de forma geral em outros locais que atuei. No Brasil, a cultura da agressão é muito forte. O alcoolismo colabora muito com os casos.”
CRAM
Como forma de apoio ao serviço, Dieli destaca que a rede de prevenção à violência de Arroio do Meio que ela faz parte, busca com a Administração Municipal a criação de um Centro de Referência de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência (CRAM).
“Esse Centro funciona em outras cidades e já temos a capacidade de recebê-lo. É um local onde as mulheres vão encontrar uma equipe completa para atendimento psicológico e jurídico. São pessoas preparadas e com a capacitação ideal e completa para aquele momento. Assim, orientam de forma eficiente elas e a família. Na delegacia, damos as orientações iniciais. A gestão municipal já sinalizou essa intenção e estamos em constantes reuniões.
“É importante frisar que a nossa principal intenção é a prevenção para que não aconteça algo pior, por isso a parceria com o Cram é ideal. Ali conseguimos identificar quando algo mais grave pode acontecer como o feminicídio, por exemplo. Já conseguimos uma policial feminina e temos um atendimento diferenciado na sala das margaridas, fazemos nosso papel como Polícia Civil. No entanto, precisamos de algo mais completo que o serviço do Centro deve fazer.” No caso das orientações jurídicas, elas são auxiliadas sobre questões de divórcio e guarda dos filhos. Na psicológica, elas passam a ter um entendimento real da situação.
Assim como cuidar da vítima, tratar o agressor também é fundamental para acabar com o ciclo da violência. “São vários passos que precisamos dar para isso. Primeiro, teria que criar o atendimento à mulher especializado para a mulher que ainda não existe e depois buscar o agressor para ouvi-los. É preciso entender, porque acontece para que eles também se tratem e prevenir que ocorra a violência novamente.”


