Às 16h23 de segunda-feira, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) divulgou em sua página oficial, que desde o mês de março deste ano, ofereceu denúncias à Justiça contra envolvidos em fraudes em licitações praticadas em 51 municípios gaúchos entre os anos de 2010 e 2015. O esquema criminoso envolvia uma empresa, com sede em Santa Catarina, que oferecia propina a agentes públicos e políticos dos dois Estados para a compra de máquinas agrícolas.
O promotor de Justiça Manoel Antunes, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) – Serra, do MPRS, destaca que há mais casos sendo apurados e novas denúncias devem ser feitas nos próximos dias pelo MPRS. Entre os denunciados até o momento, estão 35 ex-prefeitos, três ex-vice-prefeitos e quatro ex-secretários de municípios gaúchos, bem como proprietários, sócios e funcionários da empresa. A denúncia aponta os crimes de organização criminosa, corrupção passiva e ativa e fraude em licitação.
Os fatos ilícitos descritos na denúncia são referentes a investigações decorrentes da Operação Patrola, deflagrada pelo Ministério Público de Santa Catarina em 2016. Na ocasião, também foi apontado que havia o envolvimento de ex-prefeitos, demais agentes públicos e servidores públicos de diversos municípios do Rio Grande do Sul. A operação desvendou complexo esquema de fraudes em processos licitatórios para aquisição de máquinas pesadas, peças e prestação de serviços de manutenção junto à empresa que tem atuação nos dois Estados.
FRAUDE
O esquema criminoso, com envolvimento dos sócios da empresa investigada, além de gerentes e vendedores e, sobretudo, com a participação de agentes políticos e públicos, tinha início nas visitas que vendedores faziam a prefeituras. Eles levavam um catálogo, oportunidade em que negociavam o pagamento de vantagens indevidas para a aquisição dos equipamentos.
Depois, o vendedor se reportava a um gerente de vendas em busca de autorização para a conclusão do negócio. Os editais licitatórios lançados pelos municípios eram, então, direcionados à empresa, sempre com a especificação técnica dos equipamentos que constavam no catálogo que havia sido fornecido pelos vendedores nas visitas às prefeituras. Após, ocorria o pagamento da propina ao agente público, valor que figurava nos documentos contábeis da empresa, na forma de um código, como “Frete 3”.
COLABORAÇÃO PREMIADA
Os denunciados firmaram acordo de colaboração premiada com o MPRS e com o Ministério Público de Santa Catarina em relação ao município gaúcho de Alpestre, cujos fatos foram objeto de investigação na Operação Paiol – do MPRS. Os donos da empresa investigada forneceram a identificação dos gerentes e vendedores que intermediaram cada negociação de propina, valores, datas e locais dos respectivos pagamentos, bem como a identificação dos agentes públicos envolvidos.
Os proprietários da empresa, mediante acordo judicial, se comprometeram a pagar pelos danos causados aos municípios gaúchos e catarinenses um valor superior a R$ 5 milhões em 90 parcelas. Desta forma, o MPRS viabiliza junto à Justiça de Santa Catarina o repasse dos valores devidos no Estado.
MUNICÍPIOS ONDE OCORRERAM AS FRAUDES
Os municípios onde ocorreram as fraudes mencionadas nas denúncias são: Antonio Prado, Arroio do Meio, Augusto Pestana, Barão de Cotegipe, Barra do Rio Azul, Benjamin Constant do Sul, Boa Vista do Cadeado, Cacique Doble, Caiçara, Cândido Godói, Capão Bonito do Sul, Catuípe, Encantado, Erechim, Esmeralda, Estação, Farroupilha, Garruchos , Gaurama, Getúlio Vargas, Harmonia, Ijuí, Ipê, Ipiranga do Sul, Itatiba do Sul, Jaboticaba, Lagoa Vermelha, Lavras do Sul, Machadinho, Mariano Moro, Nova Boa Vista, Nova Ramada, Paim Filho, Paulo Bento, Pejuçara, Porto Mauá, Porto Vera Cruz, Putinga, Rio dos índios, Rio Pardo, Santa Maria, São Pedro do Sul, São Valentim, Sete de Setembro, Sinimbu, Três Arroios, Tupanci do Sul, Viadutos, Vila Flores e Vista Alegre do Prata.
EX-PREFEITO DE ARROIO DO MEIO SE MOSTROU SURPRESO COM DENÚCIA
Ainda na noite de segunda-feira, o prefeito do período Sidnei Eckert, se pronunciou nas redes sociais se dizendo surpreso com as denúncias:
PRIMEIRO preciso informar que nunca recebi notificação ou intimação para me manifestar sobre esse assunto, passados 14 anos deste 2010;
SEGUNDO em 08 anos de Prefeito não era prática receber vendedores no Gabinete, vendedor se dirigia ao setor de compras ou licitações;
TERCEIRO minhas contas bancárias e contas telefônicas sempre estão à disposição de qualquer órgão de investigação;
QUARTO a minha Declaração de Bens e Imposto de Renda é transparente;
QUINTO não recebi nada oficialmente sobre essa denuncia, vou ter que ir atrás de um Advogado amanhã para conhecer o teor da denuncia;
SEXTO sei que estamos em um ano eleitoral, estou de consciência tranquila e assim que tiver maiores informações serei o primeiro a me manifestar para os que sempre confiaram em mim.
Texto: Assessoria de Imprensa do MP/RS e redação do Jornal O Alto Taquari
Foto: Assessoria de Imprensa do MP-RS