Para marcar o ‘Setembro Amarelo’, mês de ações de prevenção ao suicídio, a Casa Branca de Arroio do Meio realiza uma caminhada a favor da vida na manhã deste sábado, dia 14. A saída ocorre na entrada da cidade às 8h. O grupo passa pela rua principal, comércio, praça, Rua de Eventos e encerra na Casa Branca. Toda a comunidade está convidada a participar. “Depois de tudo que passamos com as enchentes, vamos levar um pouco de alegria para o Centro com músicos e distribuição de panfletos com mensagens”, explica a secretária da Casa Branca, Dolores Noé.
Por atuar há anos na área, Dolores conhece a realidade. A equipe está de braços abertos para receber os pacientes sem julgamentos, mas com acolhimento. “Quando eles vêm até aqui estão muito machucados, assustados e com vergonha. Nosso papel é fazer com que se sintam bem e percebam que somos um espaço para desabafar e um refúgio sempre que necessitar. É gratificante quando chegam até nós para buscar ajuda e evitar atitudes negativas.”
ATENDIMENTO
A Casa Branca atende de segunda a sexta-feira, das 7h até 12h e das 13h até 17h pessoas acima de 15 anos. Um dos diferenciais é a equipe contar com funcionários que falam o alemão. “Como temos muitas pessoas com descendência alemã é uma forma de fazer com que se sintam em casa. Caso o paciente chegue aqui às 17h, iremos atendê-lo naquele momento. Primeiro é uma escuta e, quando é mais grave, encaminhamos ao psiquiatra”, finaliza Dolores.
VIVER É INCRÍVEL
Uma das psicólogas que atende no local, é Angélica Renner. Afirma que a campanha ‘Setembro Amarelo’ foca em estratégias para mostrar como viver é algo positivo, além de dar ao ser humano condições e espaços para ressignificar dores, ter esperança e um novo olhar para existência.
A profissional observa que é preciso ficar atento aos sinais que podem levar uma pessoa a tirar a própria vida. Entre eles, isolamento repentino, não realização de atividades que antes davam prazer e repetição de frases como ‘a vida não tem sentido e se não tivesse aqui eu não atrapalharia’. Muitas vezes as pistas e as falas são sutis. “Geralmente, quem necessita não consegue buscar ajuda sozinho. Digo para que todos tenham empatia e olhem ao próximo com atenção. Se puder, encaminhe até nós ou nos avise que fazemos busca ativa. Quanto antes for atendida, melhor. Tem situações que elas dão sinais por anos até chegar ao extremo.”
Angélica cita que quadros de saúde mental (depressão e ansiedade), vícios em álcool e drogas ilícitas, problemas financeiros e desastres como as enchentes são fatores que contribuem para pensamentos autodestrutivos. “Tivemos muitas perdas. Há o período do luto que consideramos normal, mas depois o paciente pode entrar em estágio de frustração e ter complicações no mental. Apesar das atribulações, Deus nos dá todos os dias uma página em branco para a construção de algo novo. Temos muitos profissionais da saúde para ajudar e trazer a esperança de volta. O suicídio nunca será uma boa opção, pois impacta muito.”
Foto: Carolina Schmidt