O casal Ileda Lagemann Lange, 78 anos e Milton Prediger 86, mora em São Caetano, próximo à ERS 130. Ambos são viúvos e se reencontraram para viver como casal, há uns oito anos. Vivem um dia-a-dia cheio de carinho, cuidados um com o outro, onde não falta o beijo de bom dia, o papo gostoso sobre a vida, a família, ao sabor do chimarrão. O primeiro, pelas 5 horas e outro durante o dia, de preferência na agradável varanda que oferece uma vista bem ampla para parte do pátio e o movimento da rua. Eles apreciam e compartilham os mesmos gostos e depois de tantos anos de amizade, se tornarem um casal, veio como uma bênção, livrando-os de uma vida mais solitária nesta terceira fase da vida, acreditam. Eles gostam de viajar, dançar, ir a festas, mas também ficar em casa, em meio à natureza, plantas bem cuidadas com a segurança de terem a família da filha Andréa, genro Rudinei e neto Leo por perto, diante de uma emergência. “Ele é um homem muito bom, me ajuda em tudo, um grande companheiro, nos entendemos muito bem”, resume Ileda sobre Milton.
No início do relacionamento moravam distantes, ela aqui, e ele em Ijuí, mas diante da insegurança de enfrentar a estrada, envolvendo terceiros com frequência, decidiram fixar residência em Arroio do Meio. Gostam de uma boa comida caseira, olhar programas de TV e assistir jogos do Inter e do Grêmio. É nesta torcida que divergem, já que Ileda é gremista e Milton colorado. Ultimamente eles têm diminuído a ida a bailes de terceira idade, mas sempre que dá, vão. Ileda passou por alguns problemas de saúde, com dengue e covid que a deixou mais fraca, mas com boa vontade e a alegria de viver a fase mais crítica já foi superada.
Com o falecido Eliseu Lange, Ileda teve as suas duas filhas, a professora e agora vice-prefeita eleita, Andrea Susana Lange Barth casada com Rudinei Barth e Viviane Elisa Lange, de profissão psicóloga que mora em São Leopoldo. Como o falecido marido era da Polícia Civil e atuou como delegado, a família Lange morou em muitas cidades entre as quais, Cerro Largo, Caibaté, Augusto Pestana, Cruz Alta, Muçum, porém o sonho da família era morar em Arroio do Meio, terral natal. Eliseu e Ileda também participavam de muitos eventos, jogavam bolão, cartas e bocha. O companheiro Milton, natural de Travesseiro/Arroio do Meio, saiu do município ainda menino junto com seus pais que foram morar e trabalhar no comércio, inicialmente em Três Passos. Ao longo da vida, Prediger morou em diversas cidades: Três Passos, Ijuí e Criciumal no RS e cidades do Paraná e em Rondônia. Atuou como contador em Capanema, Francisco Beltrão, Realeza do Pinho no Paraná. Com a falecida esposa Sigfried também teve duas filhas. A Karin que mora em Porto Alegre e Carla em Recife, no Pernambuco. As filhas deram ao seu Milton, dois netos, e dois bisnetos, assim como Ileda tem quatro netos.
ALEGRIA PELA CONQUISTA DA FILHA – Ileda diz que ficou muito feliz com o fato de Andréa ter sido eleita a vice-prefeita do Sidnei. “Foi uma campanha de muito trabalho. Ela não parava mais em casa. Dormia pouco. Mas rezei muito por ela. Todos os dias, para tudo dar certo”, diz emocionada. Junto na entrevista, Rudinei, marido de Andréa, diz que a esposa sempre passou muito tempo em cursos, atividades escolares, comunitárias e da igreja, fora do horário, o que fez com que a família se acostumasse melhor. Como ele parou de fazer viagens de caminhão está mais em casa e pode dar suporte para a família e cuida do casal de idosos. Ao falar da Andréa, Ileda fala com orgulho e diz que a filha é muito calma, tranquila, consegue contornar as situações pelo diálogo. Tem muita paciência. Sempre foi muito de estudar. Gosta de trabalhar desde pequena, tanto que quando o pai Eliseu atuava na delegacia, já auxiliava com apenas 10 anos de forma espontânea na Delegacia. Atendia o telefone, auxiliava nas documentações e fazia anotações, pois naquele tempo já havia falta de funcionários. Andréa acrescenta, “imagina, se fosse hoje. Naquela época era normal. Eu gostava. Em cidades menores as celas das delegacias eram juntas à residência, havia uma cela para prisão temporária e a casa ficava no pavimento superior. A gente via os presos, que eram poucos na época. Observava quando eram soltos, o que me ensinou a ter cautela e estar atenta. “A vice-prefeita eleita que acompanhou parte da entrevista reforça que as inúmeras experiências vividas em diferentes municípios durante o período em que o pai trabalhou na Policia Civil trouxeram aprendizados de convivência, com pessoas diferentes. O pai era convidado a eventos sociais e políticos, como Chefe de Polícia e a mãe tinha muitas amizades. Ela sempre foi do lar, porém em Caibaté teve salão de beleza. Fazia penteados, permanente e a famosa touca (uma técnica de alisamento com grampos) no cabelo. Ela sempre foi muito vaidosa e trabalhar com a atividade foi uma forma de se distrair e lidar com beleza. Foi professora de arte culinária ensinando amigas e vizinhas receitas de pão de milho, cuca, doces, massa caseira, maionese, entre outras.
O Seu Milton, também gosta muito de política. Ele diz que nunca faltaram convites para concorrer, mas não aceitou por conta do serviço de contabilidade que exercia no serviço público. Como simpatizante do MDB, também ficou feliz com a conquista da “afilhada” Andréa, agora vice.
Foto: Arquivo Pessoal