A insatisfação com a demora na conclusão da ponte da ERS-130, entre Arroio do Meio e Lajeado, motivou um encontro na Câmara de Vereadores de Arroio do Meio, na tarde de quarta-feira, antes da sessão ordinária. A iniciativa foi do Legislativo, que, por meio do presidente Rodrigo Kreutz (MDB) convidou os vereadores e prefeitos dos municípios da parte alta do Vale, assim como de Lajeado, mas apenas o presidente do Legislativo Lajeadense, Lorival Silveira (PP), se fez presente.
De Arroio do Meio participaram vereadores, o prefeito Danilo Bruxel, empresários, líderes locais e comunidade. Os participantes foram unânimes na necessidade de pressionar o governo do Estado, a EGR e a empresa vencedora da licitação, a Engedal, para que a obra seja concluída o mais rápido possível. O primeiro grande ato de protesto está agendado para o próximo dia 14h, às 15h, nas ERS-130, nas proximidades da ponte. Para esta mobilização, que já estava sendo organizada desde a semana passada, antes do anúncio da nova data para a conclusão das obras – 29 de março de 2025 –, é esperado o engajamento dos demais municípios que utilizam a ERS-130.
O grupo também decidiu que é importante ir a Porto Alegre e mostrar o descontentamento e cobrar uma solução do Governo do Estado. Será agendada uma audiência com o governador Eduardo Leite, o secretário de Transportes e Logística Juvir Costella e o presidente da EGR Luís Fernando Vanacôr.
Mão de obra
Uma das preocupações levantadas no encontro foi a mão de obra e a responsabilidade da Engedal neste quesito. Conforme anunciado na semana passada, não há trabalhadores da região envolvidos na construção, sendo a maioria de outros estados. Com a chegada das festas de fim de ano, há o temor de que eles voltem para seus municípios de origem e não retornem, o que pode atrasar ainda mais o andamento dos trabalhos.
Também há o entendimento de que a justificativa da escassez de mão de obra não pode ser tolerada, uma vez que a empresa, quando entra no processo licitatório, deve dispor de todos os recursos para a conclusão do que está se propondo. Houve ainda a manifestação de que a remuneração aos profissionais é muito inferior ao que se pratica na região, o que justifica o fato de não haver interessados. Se o pagamento fosse compatível seria mais fácil formar equipes maiores, com a possibilidade de mais de um turno de trabalho.
Falta de apoio
Dentre os presentes, a indignação com a ausência de representantes dos demais municípios, que igualmente sofrem as consequências da queda da ponte, que afeta não só o transporte de carga, mas também o ir e vir das pessoas, causando inúmeros transtornos e a queda na produtividade. “Nessa altura temos que unir forças, tanto do meio político como do povo. Não dá só para nós de Arroio do Meio e Lajeado enfrentarmos tudo isso. Me espanta que ninguém dos outros municípios está aqui”, disse Rejane Perotti Kerbes, que integra o grupo de mobilização para a manifestação do dia 14.
Nas falas dos vereadores, diversas foram as preocupações abordadas. O presidente Rodrigo, que acompanhou a vistoria na semana passada, disse que pessoalmente não acredita na conclusão da obra até 29 de março e que é preciso pressionar e cobrar celeridade. Reforçou que tanto a Câmara como o Executivo têm se mobilizado e buscado pressionar, mas que é preciso união e que os demais municípios que utilizam as soluções paliativas – a Ponte de Ferro e do Exército – precisam se engajar nesta luta que não é de Arroio do Meio e de Lajeado, mas de todo o Vale.
Vanderlei Majolo (PP) ressaltou que a Ponte de Ferro e a ponte do Exército vem sendo utilizada por veículos e caminhões de todos os municípios, mas só Arroio do Meio e Lajeado estão tendo de arcar com o ônus. Como exemplo citou o asfalto da Forqueta Baixa que está se deteriorando com o grande fluxo de caminhões e que não há certeza de que o Estado irá arcar com um novo asfalto no futuro, já que nem a manutenção, assumida pela EGR, está sendo feita de acordo com a necessidade. “Outros municípios são beneficiados, mas os custos são nossos”.
Paulo Backes (PDT) reforçou que a ponte sem sido pauta recorrente na Câmara, que não tem sido ouvida. “Onde estão os deputados que receberam votos aqui em Arroio do Meio e Lajeado. Já se interessaram, já foram lá ver, já propuseram nos ajudar? Em que momento isso aconteceu? Eu não vi nenhum deputado, estadual ou federal, independente de cor partidária… Quem já se posicionou? Nós vereadores gritamos toda sessão, mas onde está nossa representação política? Se vem o secretário, o presidente da EGR, para quem mais vamos apelar?”, questionou, ressaltando que não é uma obra do município, mas do Estado, e que os vereadores estão mobilizados pela população. “É uma obra que o Estado deveria fazer”.
O prefeito Danilo afirmou que mantém contato constante tanto com o secretário Costella como com o presidente da EGR, sempre pressionando e reforçando a necessidade da conclusão. Também falou sobre a manutenção do acesso à ponte do Exército, que tem cobrado a manutenção que não vem acontecendo conforme o prometido.
Bruxel sugeriu que seja feito algum tipo de convênio a fim de que o Exército possa auxiliar na obra. Da mesma forma, manifestou que é preciso envolver o Ministério Público, o Tribunal de Contas para que cobrem a responsabilização da empresa para o cumprimento do prazo. “Se entraram na licitação precisam se responsabilizar”, afirmou.
Foto: Jaqueline Manica