Aconteceu mais ou menos assim: véspera de Ano Novo, preparativos acelerados para a ceia e lá se foi a energia elétrica. Pararam os motores do filtro da piscina e a bomba que enchia a caixa d’água. Esfriou o ferro que passava lençóis do quarto de hóspedes e, é claro, os ânimos de quem receberia familiares e amigos. A empresa fornecedora não prometia nada, respondia apenas que buscava pela origem do problema. Em casa, se buscavam velas. Seria assim, então?
Como a noite seria de lua cheia, chegaram a cogitar em mesa no pátio, ao luar. Romântico, mas nada prático. A luz azul da lua poderia ser coberta por nuvens! Velas ao vento? Tétrico e improvável demais! Lampiões, lanternas? Não tinham. Mas por volta das 21h, retornou a energia para alívio de quem tinha muita bebida e sorvetes no refrigerador.
A tranquilidade durou pouco. De repente, roncou uma torneira. E outra! E o vaso não dava descarga! A caixa d’água estava totalmente vazia. A bomba que deveria encher os reservatórios, havia queimado com a queda de energia. Ou seja, havia luz, mas estava seco!
As cisternas que ecologicamente guardam água da chuva para o jardim e limpeza da casa, foram a alternativa. Banho, só de bacia, como antigamente. Entrava-se em novos 365 dias, iguais às famílias de um século atrás. Era isso ou o banho frio na piscina. Mas no dia seguinte, um serviço de emergência consertou o abastecimento doméstico de água. E aí sim, um segundo brinde coletivo foi necessário.
Viva o novo! Depois de acompanhar o noticiário – com os resumos das tragédias rotineiras em 12 meses passados mais a insensatez do trânsito e excessos de bebida e suas vítimas, toda aquela situação ruim, sem luz e água, passou a ser apenas um detalhe, uma piada de péssimo gosto. Chegaram à conclusão de que estavam muito bem, obrigado!
A partir de agora, a alternativa seria evitar a depressão ou achar que a casa cairá a qualquer momento. Dificuldades não escolhem hora, mas decidir como enfrentá-las é possível. Equilíbrio, serenidade e objetivos bem definidos são fundamentais. Então, caso falte luz, acendamos velas ou lampiões. Triste mesmo é perder a energia vital, sentir-se com a chama fraca, vencida pelos ventos frios do inesperado. Aceitemos a possibilidade de um recomeço e, juntos, estaremos como capitães dessa barca chamada 2025.