Como muita gente, estou bem curiosa para acompanhar a cerimônia de premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas neste domingo, dia 2, o chamado Oscar do cinema.
Desde que o prêmio foi instituído, na década de 20 do século passado, esta é a primeira vez que o Brasil tem chance real de emplacar seu filme “Ainda estou aqui”, como o melhor do ano, e Fernanda Torres pode ganhar o título de melhor atriz.
Mesmo quem não gosta do filme, provavelmente, vai mobilizar o patriotismo para ficar na torcida, na noite do Oscar, quando os vencedores serão anunciados com pompa e circunstância.
Entendo bem pouco de cinema, mas adoro assistir filmes, especialmente na tela grande. Dentre as películas que estão concorrendo ao Oscar, assisti ao filme brasileiro e a mais dois. Fui ver também “Emilia Pérez”, que é o favorito, pois reúne o maior número de indicações para diferentes categorias de premiação, e “Anora”, igualmente muito bem cotado.
“Emilia Pérez” mostra história passada no México. A advogada Rita ajuda um chefe de cartel do narcotráfico a sair de cena, para finalmente se tornar a mulher que sempre sonhou ser. Cirurgia de redesignação de gênero torna possível a transformação. Um ambiente violento e sombrio serve de pano de fundo. O clima é de tensão, mesmo que volta e meia se intercalem partes cantadas e com coreografia.
Achei “Anora” mais interessante. A personagem principal, Anora, é uma profissional do sexo. Na boate onde trabalha, ela conhece o filho de um milionário russo. Os dois engatam um romance tresloucado e a moça vive uma história de Cinderela moderna durante alguns dias. Em Las Vegas o casal resolve oficializar seu casamento sem pensar em nada. Não demora que os pais do rapaz entrem em cena para garantir a anulação do casamento e levar o filho de volta para casa. No final, a reflexão sobre os desafios do trabalho sexual é inevitável.
Assisti “Ainda estou aqui” no mês de novembro passado, quando não se imaginava que o filme ganharia a projeção que vem tendo. Por isso mesmo, talvez eu não tenha prestado a devida atenção e nem reconhecido de cara todo o valor que ele tem. Estava mais interessada na história do que em reparar em aspectos técnicos. Gostei muito de “Ainda estou aqui”, mas não me entusiasmei tanto como poderia.
Em todo o caso e sem patriotada, na comparação com os outros dois fortes concorrentes – Emilia Pérez e Anora – meu voto vai certo para o filme brasileiro.
Prefiro de longe os filmes no estilo de “Ainda estou aqui”. Filmes que contam uma história com pé e com cabeça, que botam em cena grandes atores para representar como se vivessem a realidade. Sem esquecer que o filme faz uma reconstituição histórica da maior relevância.
Ou seja, abro meu voto e arrisco uma aposta (ou seria torcida?): o filme brasileiro vai levar a taça.