Arroio do Meio sedia, nesta terça-feira (4), feriado de Carnaval, a 47ª edição da Romaria da Terra. Com o tema ‘Reconstruir e Cuidar da Casa Comum com Fé, Esperança e Solidariedade’, o evento reunirá entre 7 e 10 mil romeiros de todo o Rio Grande do Sul e também de fora do Estado.
O Departamento de Trânsito do município organiza a logística para acomodar os veículos, com algumas mudanças no trânsito. A rua Gustavo Wienandts estará fechada durante o dia, assim como as ruas do entorno da Praça Flores da Cunha.
Os romeiros serão recepcionados com um café da manhã servido no jardim do seminário. Um caminhão fará a animação para receber os fiéis. Também serão instalados banheiros químicos e será disponibilizada água para os participantes, no seminário e na Praça Flores da Cunha.
Abertura às 8h30min
A cerimônia de abertura ocorre no campo ao lado do seminário, às 8h30min, com palavras de acolhida do prefeito de Arroio do Meio, Sidnei Eckert, do pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Alfonso Antoni, do Bispo Dom Itacir Brassiani, da Diocese de Santa Cruz do Sul, e também de integrantes da Comissão Pastoral da Terra do Rio Grande do Sul.
Além disso, será feita a acolhida dos símbolos que irão acompanhar a Romaria. Uma cruz de cerca de 3,5 metros de altura está sendo confeccionada com galhos e raízes de árvores retirados dos deslizamentos ocorridos em Linha Bitsch, em Forqueta, e será carregada durante a caminhada.
O Barco da Esperança da Comunidade do Navegantes também será conduzido durante a Romaria. Sobre ele, haverá a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes e de Nossa Senhora Aparecida, além de uma cruz, o Círio Pascal e a bíblia, tradicionais símbolos da Romaria.
Procissão inicia às 9h
A caminhada inicia às 9h, em frente ao seminário. Os romeiros irão descer a rua Gustavo Wienandts em direção à rua Campos Sales, até chegarem na Capela da Comunidade Navegantes, onde serão feitas homenagens às vítimas das catástrofes climáticas que atingiram o Rio Grande do Sul, em setembro de 2023 e maio de 2024, com um momento simbólico.
“Vamos relembrar o número de vítimas e colocar os nomes junto à cruz, em uma bolsa. Vamos amarrar panos brancos na cruz, representando a esperança e a ressurreição. Será colocado um marco provisório ali também como um memorial das vítimas”, revela o padre Alfonso Antoni.
O marco será uma grande pedra, retirada dos deslizamentos que ocorreram em Roca Sales, que vitimaram moradores do local, e ficará exposto em frente à capela. “Vamos utilizar muita essa questão simbólica. Ao longo do caminho, vamos trabalhar com vários cenários, relembrando os Abrigos, a Cozinha Solidária, os Resgates, as Moradias, Pescadores, Voluntários, os Servidores da Saúde, o Projeto Sementes da Solidariedade e as Doações”, conta Antoni.
Após a parada em frente à capela, a caminhada segue pela rua 4 (rua do antigo ESF do Navegantes) e dobra na rua Tranquilo Alberton até chegar na rua Visconde do Rio Branco, onde os romeiros sobem em direção à Praça Flores da Cunha. No percurso, haverá fitas demarcando a altura em que a água chegou na enchente de maio.
Celebração na Rua de Eventos
Por volta das 11h, ocorre a missa com celebração, na Rua de Eventos. Em torno de 15 bispos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina irão participar do momento. O cardeal Dom Jaime Spengler também deve estar presente na celebração.
Após a missa, ocorre o almoço. Serão dispostas várias mesas na Praça Flores da Cunha, onde será feito o momento de partilha. Os romeiros estão convidados a trazerem alimentos para compartilharem. Os alimentos que restaram do café da manhã também estarão disponíveis. Além disso, a paróquia irá disponibilizar um salsichão com pão, pelo valor de R$ 5 e água por R$ 2. Haverá também um espaço para tendas, com grupos organizados de agricultores que irão expor seus produtos, assim como os feirantes.
Durante o almoço, ocorrem apresentações musicais no palco que será montado na Rua de Eventos, de frente para a praça, com a presença do músico Antonio Gringo. Às 13h, ocorre a ‘tribuna popular’, que é um espaço de fala das entidades que apoiam o evento, com a presença de uma professora da Univates, que abordará as mudanças climáticas e os projetos ambientais desenvolvidos na região. O encerramento está previsto para às 15h, com a bênção e o anúncio do local da próxima Romaria da Terra.
A Romaria da Terra
A Romaria da Terra é um evento religioso e social realizado anualmente no Brasil, reunindo fiéis e movimentos populares para refletir sobre a relação entre fé, justiça social e luta pela terra. Inspirada na Teologia da Libertação, a Romaria é marcada por caminhadas, celebrações, debates e manifestações que abordam temas como reforma agrária, direitos dos povos indígenas e sustentabilidade. O evento busca fortalecer a espiritualidade dos participantes e promover a conscientização sobre a importância da terra como bem comum.
Organizada em diferentes estados, especialmente no Sul e Sudeste, a Romaria da Terra reúne agricultores, indígenas, quilombolas, religiosos e militantes sociais. A cada edição, um tema central é escolhido para guiar as discussões, geralmente relacionado às dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores rurais e à preservação do meio ambiente. Além de seu caráter religioso, a Romaria também é um espaço de resistência e reivindicação por políticas públicas mais justas para o campo.
“No Vale do Taquari, os clamores das pessoas e comunidades atingidas ainda ressoam, mesmo abafadas pelo rumor da reconstrução. As lágrimas derramadas pelas perdas humanas, culturais e econômicas continuam brotando, mesmo que tenham perdido a visibilidade. A terra desnudada e os rios assoreados seguem expondo suas feridas e convocando-nos a tratá-los como irmãos, e não como fonte de lucros e cloacas de dejetos. Esta Romaria quer ser o encontro samaritano das comunidades, terras e cidades arrasadas com as pessoas, comunidades e organizações que não desviaram o olhar para passar adiante. Venha celebrar conosco a Paixão e a Páscoa de Jesus na Via Sacra da Casa Comum e seus habitantes”, diz Itacir Brassiani MSF, Bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul
“Arroio do Meio sofreu grandes impactos com as enchentes, na cidade e no interior. A tragédia gerou um grande movimento de solidariedade. Como em todos os lugares, Arroio do Meio recebeu uma grande ajuda de doações e da presença de muitíssimos voluntários locais e de diferentes regiões do estado e do Brasil. Uma das motivações da 47ª Romaria da Terra é trazer os romeiros e colocar os pés na realidade de destruição da margem do rio Taquari. Fazer a experiência de olhar de sentir, ao vivo, os impactos da destruição que a enchente causou. Sensibilizar e tornar mais forte o compromisso de Reconstruir e Cuidar da Casa Comum. Arroio do Meio espera por você!”, afirma o Pe. Alfonso Antoni, Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Arroio do Meio
Programação completa:
– 6h: Recepção das caravanas nos principais acessos da cidade
– 7h30min: Acolhida aos romeiros no Seminário Sagrado Coração de Jesus
– 9h: Início da caminhada e celebração
– 10h30min: Missa na Rua Coberta
– 12h: Almoço partilhado
– 12h às 14h30min: Momento cultural e tribuna popular
– 14h30min: Anúncio da próxima Romaria da Terra
– 14h50min: Leitura da Carta da 47ª Romaria da Terra
– 15h: Bênção de envio aos romeiros
– 15h30min: Encerramento
Foto: Ismael Ritt