O Rio Grande do Sul registrou o primeiro óbito por coqueluche em 2025. A vítima é um adolescente de 15 anos, morador de Horizontina, no Noroeste do Estado. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), até o dia 1º de março, 75 casos da doença já foram confirmados. No Brasil, conforme dados atualizados até o dia 7 de fevereiro pelo Ministério da Saúde, são três mortes e 311 pessoas contraíram a doença.
Em 2024, o RS registrou 430 casos de coqueluche, o maior número desde 2013, quando foram confirmados 517 casos. O Estado também voltou a registrar no ano passado um óbito da doença, o que não acontecia desde 2017, ano em que foram registradas três mortes. No país, em 2024, foram registrados 28 óbitos por coqueluche e mais de 7,1 mil casos, o maior número de casos desde 2014.
De acordo com o mapeamento da 16ª Coordenadoria Regional da Saúde, no Vale do Taquari já foram registrados 17 casos de coqueluche, em moradores de Arroio do Meio (5), Teutônia (4), Encantado (2), Santa Clara do Sul (2), Lajeado (2), Putinga (1) e Estrela (1) – o paciente precisou ser hospitalizado. Outros casos suspeitos estão em investigação. Por se tratar de uma doença imunoprevenível, que tem por característica ciclos de circulação hiperendêmica a cada três a cinco anos, na série histórica dos últimos dez anos, a 16ª CRS registrou um aumento de casos em 2017, sendo 13 confirmados, e em 2018, 11 casos. Recentemente, em 2024, foram seis pacientes positivos para a doença.
Sobre a doença
A coqueluche é uma infecção respiratória, causada pela bactéria Bordetella Pertussis, como explica o médico pneumologista Juliano Petter, do Hospital Estrela. “Sua transmissão ocorre basicamente pelo contato com a pessoa doente, por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar”. O especialista comenta que tipicamente a doença apresenta três fases de sintomas. “Na fase inicial, é semelhante a um resfriado comum, febre baixa, mal-estar geral, coriza e tosse seca. Esse período geralmente dura de 1 a 2 semanas e evolui para crises de tosse mais intensa. Na fase dois (tosse paroxística), normalmente o paciente não apresenta febre. A tosse se torna muito forte e incontrolável, com crises súbitas, intensas e rápidas, que podem causar grande desconforto respiratório, vômitos ou mesmo desmaio. Essa fase pode durar de duas a seis semanas. Por último, na fase de recuperação, a tosse reduz gradualmente em frequência e intensidade, mas pode persistir por até três meses”, descreve. O aumento da doença no Brasil é motivada pela baixa cobertura vacinal, a principal forma de prevenção, como reforça o médico. “Crianças devem ser vacinadas aos 2, 4, 6 e 15 meses e, ainda, aos 4 anos de idade. Além desse esquema básico, o Sistema Único de Saúde (SUS) também oferta a vacina a gestantes (a cada gestação) e a todos os profissionais da saúde. A vacina também está disponível na rede privada de vacinação, para pessoas de todas as idades”, comenta. Apesar de crianças e idosos estarem no grupo de maior risco, devido a menor competência do sistema imunológico, é importante que toda a população fique atenta – pelo fato de não ter sido imunizado na infância e tendo contato com um portador da enfermidade – e busque o tratamento precoce. “No tratamento são indicados medicamentos sintomáticos, comumente usados em outras infecções respiratórias, além de antibióticos, especialmente na fase inicial da doença, de acordo com avaliação e acompanhamento médico”, finaliza o pneumologista.