Olhares atentos, todos acomodados e silêncio. Um cenário típico de cinema, não fosse a sala de aula e os telespectadores os alunos do 8º e 9º ano. Contudo, ao invés de curtir uma sessão comum, a turma é convidada a sair da “poltrona” e produzir suas próprias narrativas. A iniciativa é resultado do projeto Cinema na Escola, que iniciou na última semana de fevereiro, e leva palestra e capacitação cinematográfica para cinco instituições de ensino de Arroio do Meio. Os estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental Arlindo Back, no distrito de Forqueta, foram os primeiros a viver esta experiência.
O projeto, aprovado em dezembro de 2023 pela Secretaria de Educação e Cultura de Arroio do Meio, por meio de edital da Lei Paulo Gustavo, com apoio do Núcleo de Cultura local, é de autoria do entusiasta da arte audiovisual Liniker Duarte, que defende que levar a Sétima Arte para dentro da escola possibilita um grande aprendizado. “Esta capacitação vai além de apreciar um filme na grande tela. O cinema é a arte imitando a vida, provoca emoções, reflexões e desperta sonhos ou desejos. Que eles possam compreender que fazer um filme não é simples, tem vários caminhos e precisa de outras pessoas para o resultado final. É feito por muitas mãos”, reforça.
Conectando teoria e prática, o arroio-meense, formado em Jornalismo, crítico do cinema, ator e produtor, apresenta aos alunos a história do cinema pelo mundo, passando um pouco pelos períodos e gêneros do cinema francês, alemão, argentino, americano e finalizando com o cinema brasileiro. “Levei ao conhecimento do público jovem filmes que foram gravados aqui na região, mas poucos ficaram sabendo, como as filmagens de ‘Os Famosos e os Duendes da Morte’, do diretor Esmir Filho, que teve cenas rodadas na Ponte de Ferro. Ou, ainda, ‘Música para quando as luzes se apagam’, rodadas em Santa Clara do Sul e região, com a atriz Júlia Lemmertz, um longa do diretor Ismael Caneppele”, comenta.
No segundo momento, ele capacitou os estudantes para produzir um audiovisual em Stop Motion (movimento parado com fotografias), utilizando o celular, dispositivo que está ao alcance dos estudantes. Para a atividade prática, Duarte explicou técnicas de gravação, cenário, edição, iluminação, efeitos especiais e cor. “A cinematografia existe há mais de 100 anos, nunca uma outra forma de arte conseguiu reunir as outras seis da maneira tão poderosa e completa como o cinema”, destaca.
Conforme Duarte, os alunos se mostram atentos, curiosos e surpresos. “Esta nova geração jamais imagina, por exemplo, que filmes como a Fuga das Galinhas foram feitos a partir de bonecos de massinha modelada”, cita. Sua ideia, que hoje amplia os incentivos artísticos na cidade, é que alcance todas as EMEF’s de Arroio do Meio e sirva de exemplo para outras cidades da Região.
Para o diretor da escola Professor Arlindo Back, Gilsomaro Steiger, o projeto é uma oportunidade de aprendizagem e uma maneira de desenvolver os alunos. “Ficamos muito felizes pelo trabalho que Liniker está realizando em nossas escolas, e tivemos o privilégio de sermos a primeira escola a receber o projeto. É um trabalho de grande relevância, pois o cinema é um modo de expressão cultural contemporânea. E no contexto escolar é uma ferramenta de ensino-aprendizagem promissora e cheia de potencialidades que oportuniza enfocar aspectos culturais, históricos, sociais, literários e políticos por meio de estímulos e produções audiovisuais. O cinema pode ser denominado como uma inovação pedagógica adequada às mudanças sociais atuais, caracterizadas, sobretudo, pela tecnologia digital”, enfatiza.
Foto: Jessica Schmitz/Divulgação