Por Neusa Alberton Bersch
hegada de três bebês, de uma só vez, mudou por completo a vida de Jeferson Rockenbach, 39 anos, bancário, e Andréia Trautenmuller Rockenbach, 36 anos, engenheira florestal.
O casal reside em Capitão, limite da Linha Alegre e São Domingos (estrada geral para Encantado), onde o silêncio e a calmaria na casa, localizada em meio à natureza, foram completamente alterados assim que a mesma passou a ser compartilhada com três novos moradores, os trigêmeos, Luísa Helena, Heitor Miguel e Anna Sofia, filhos do casal.
Segundo Andréia, da suspeita da gravidez à confirmação, houve grande expectativa seguida de muita alegria. Já na primeira ecografia, felicidade em dose dupla ao perceberam que seriam pais de gêmeos, minutos depois outra surpresa, mais um bebê, escondidinho atrás dos irmãos. Seriam pais de trigêmeos.
Ao sair do consultório, quase não encontraram o caminho até o carro. “Chegamos na calçada, ‘e agora! O que se faz!’ Nos abraçamos, choramos, ao entrar no carro, Jeferson tremia, eu chorava de emoção, como seria a gestação, conseguiríamos cuidar de três ao mesmo tempo, planos, ideias, dúvidas, medo, um turbilhão de sentimentos tomou conta da gente”.
O desejo de ser mãe, ter filhos, estava sim nos planos de Andréia, mas não estava preparada para tanto.
Os primeiros meses foram bem tranquilos, o que lhe permitiu trabalhar normalmente, embora uma gravidez com três embriões seja considerada de risco. Segundo ela, do terceiro para o quarto mês, pouca coisa parava no estômago e o encurtamento do colo do útero exigiu intervenções, cerclagem e colocação de pessário para manter o colo do útero fechado e evitar um parto prematuro.
Tais procedimentos foram realizados com êxito na Santa Casa de Porto Alegre e seguindo orientações médicas, Andréia permaneceu por 60 dias internada no hospital, garantindo repouso absoluto com acompanhamento médico para tentar levar a gestação o máximo que pudesse. Mãe e sogra revezavam-se para acompanhá-la, de certa forma viraram hóspedes da Casa de Saúde, embora residissem em Capitão e Três Passos, respectivamente. A futura mamãe de trigêmeos não podia ficar sozinha em momento algum, por vezes era conduzida em uma cadeira de rodas pelo pátio para tomar sol, respirar ar puro e apreciar a paisagem, porém logo tinha que retornar ao quarto para repousar.
A data prevista para o nascimento dos bebês era 30 de março, porém vieram antes, em 20 de janeiro, setenta dias antes do esperado. Na gravidez, ganhou em torno de 10kg de sobrepeso, os quais foram embora logo após o parto. Os bebês permaneceram na UTI por 60 dias, entre momentos tensos e angustiantes, o que mais doeu foi não poder tocar nos filhos, por serem prematuros, ficaram na incubadora e nos primeiros 20 dias não podiam nem ser tocados. Todas recomendações e cuidados foram tomados, desenvolveram-se bem e receberam alta, em dias diferentes, cada qual no seu tempo.
“Não tem uma palavra que possa definir a sensação do que é estar em casa, para quem viveu praticamente cinco meses dentro de um hospital, em casa é 100% melhor embora equipe médica e enfermeiros tenham sido maravilhosos com a gente, nada melhor do que a casa da gente”, disse Andréia.
Desde então, 5 de abril de 2025, o município de Capitão tem três novos moradores, Luísa Helena, Heitor Miguel e Anna Sofia. Na casa, tem cheirinho de bebê e também chorinho deles a todo instante, afinal o relógio biológico de cada um tem seu próprio fuso horário. Os bebês consomem aproximadamente 45 mamadeiras por dia e são utilizadas 24 fraldas, haja energia, haja bolso, uma maratona diária dentro de casa.
A rotina tem sido bem intensa. “Vivo em função deles, ainda não consegui me organizar, sou autônoma (AViT Consultoria Florestal e Ambiental), gostaria de já estar organizada, mas não está sendo fácil. Acordam de noite para mamar, mas logo voltam a dormir, tem dias que um não dorme, outro acorda de noite e demora voltar dormir.
É bem cansativo, mas é prazeroso, tudo é multiplicado por três. A gente vai se revezando e curtindo cada momento pois sabemos que tudo passa muito rápido.”
Para conseguir atender os bebês, desde que chegaram em Capitão a sala virou quarto das crianças e não falta conforto e calor humano. A amiga Jurema tornou-se tata e permanece com a família durante o dia, de segunda a sexta-feira. No período da noite, de segunda a segunda, sem intervalos, a vovó Eliana dorme com a família, ajuda a cuidar dos bebês, para que os pais possam descansar um pouco, embora a todo instante são acordados…
De acordo com o pediatra, o peso está bom e estão desenvolvendo acima da média.
Andréia tem se revelado uma mãe superprotetora, das antigas, “como os dias estão se tornando mais frios, evitamos qualquer exposição, mudança de ambiente, sair de casa nem pensar, por serem prematuros qualquer resfriado pode desencadear uma série de problemas. Nossos amigos e familiares tem sido compreensivos, estamos com saudades de todos, mas por ordem médica as crianças não podem receber visitas, precisam criar anticorpos para ter mais resistência e o que menos queremos é ter de voltar para a UTI de um hospital”, finalizou a mamãe.