Está provado cientificamente que os alimentos ricos em polifenóis, como cacau e uva, retardam o envelhecimento. E aí a lista inclui frutas vermelhas, verduras, azeite e vinho, por exemplo. Eu me encaixo perfeitamente nessa lista e espero estar garantindo uma sobrevida menos encarquilhada e mais duradoura. Aproveito as feiras de legumes nos mercados, aproveito os sucos de frutas – feitos na hora – e quando possível, um bom vinho. Tinto, na maioria das vezes.
Minha mãe, viúva faz um bom tempo, diz que precisou aprender cozinhar apenas para uma pessoa. Se anima quando nos reunimos, ou os netos dividem a mesa para consumir suas famosas almôndegas. Mas o que não tem segredo é a certeza de que, cada vez mais, se torna importante o compartilhar desses sabores, com bom humor em casa, restaurantes ou em grupos de amigos ou, simplesmente, simpatizantes de bons pratos e bebidas.
E para facilitar esses encontros, aqueles bons de mesa – entre taças de suas bebidas favoritas – fazem o cotidiano se transferir para um espaço onde nada é banal e tudo se completa com pratos especiais, feitos com carinho e temperos especiais, alguns secretos para manter a originalidade do grupo. Sim, são as confrarias. Um reino para a degustação prazerosa sem culpa.
Na minha cidade, também formamos uma irmandade etílico gastronômica, incentivados pelos renomados Guido Lunardini e Giovanni Allegretti, talentosos chefs, profissionais da cozinha e panificação com arte. Aliás, a partir do primeiro encontro, percebi que todos os participantes são bons na criação de pratos especiais. E confesso que em outras confrarias, tipo aquelas de cronistas, escritores e poetas, a coisa fluía bem nas emoções, rimas e estilos de prosa mas, às vezes, faltava o calor do alimento especial e inspirador.
E vejam só, nos dias pesados que temos vivido, a morte do Papa Francisco, após um longo período de sofrimento, as intermináveis cenas de guerra no estrangeiro, a violência do crime em nosso sofrido Brasil é preciso, mais do que nunca, que nos permitamos um relaxamento, uma folga onde, ao redor de uma mesa, nos encontremos com o melhor de nós mesmos. Testando empiricamente, mas com alegria, novas safras de vinhos, cervejas e as aptidões culinárias de velhos e novos amigos. Abertos aos pratos de todo o planeta e fechados contra o sabor rançoso da malevolência.