
Por Liniker Duarte

As incertezas envolvendo a travessia da ponte baixa entre Travesseiro e Marques de Souza têm provocado mudanças significativas na vida de muitos moradores da região. Um dos exemplos é o da cozinheira Greici Amanda Hauenstein, de 44 anos, que atua no Hospital de Marques de Souza. Moradora do interior de Travesseiro, na comunidade de Picada Felipe Essig, Greici precisou tomar uma difícil decisão no fim de junho: alugar um apartamento na cidade onde trabalha, como forma de garantir segurança e estabilidade diante das condições precárias da travessia.
Companheira de Roberto Nied e mãe de Eduarda e Larissa, relata que os desafios começaram a se intensificar quando, com a elevação das águas e bloqueios frequentes da ponte baixa, a única alternativa passou a ser atravessar a pinguela. “Em dias frios, a madeira da pinguela ficava extremamente escorregadia. Já houve casos de conhecidos que escorregaram e caíram. Por segurança, começamos a ir pela Barra do Fão, que é um trajeto bem mais longo”, conta.
O que antes era um deslocamento de 4km até o hospital, passou a exigir 35km de ida e o mesmo tanto de volta, somando 70km por dia. A conta não fechava mais. Foi quando Roberto colocou tudo na ponta do lápis e concluiu que os custos com combustível e manutenção do carro ultrapassavam o valor de um aluguel. “O valor que gastamos em combustível e manutenção, pagamos no aluguel do apartamento”, afirma. –
Hoje, instalada a apenas 200 metros do local de trabalho, Greici respira mais aliviada. Apesar de acostumada com a rotina da família no interior, ela afirma que, por enquanto, permanecer na cidade é o melhor caminho. “Era uma escolha: parar de trabalhar ou morar em Marques. A gente optou pela segurança e estabilidade”, diz.
O casal também destaca que essa não é uma realidade isolada. Muitas pessoas que dependem diariamente da travessia enfrentam desafios semelhantes, e aguardam com expectativa a construção da ponte alta, uma obra que promete trazer alívio e segurança à população da região.
Travesseiro e Marques de Souza são duas cidades do Vale do Taquari que vivem o dilema de manter a conexão logística entre os dois municípios em operação. Recentemente, as águas subiram e deslocaram parte da ponte baixa deixando os municípios sem conexão. Foram feitos reparos e ajustes por parte das duas administrações, restabelecendo a conexão. Na semana retrasada, a região foi afetada por uma nova cheia e desta vez a água rompeu parte da cabeceira do lado de Marques de Souza levando quantidades expressivas da orla. De acordo com a Administração de Travesseiro, do lado do município a cabeceira da ponte foi rapidamente concluída. Já no lado de Marques de Souza, a recuperação da cabeceira foi mais lenta e se deu na sexta-feira, dia 4. No atual estágio, a população aguarda com expectativa a liberação de veículos pesados, ainda não autorizada formalmente.
Reforço do governo do Estado

Marques de Souza, Fábio Mertz, em avaliação geral sobre a trafegabilidade do município, o ponto máximo que exigiu da Administração esforço para a recuperação foi a cabeceira da estiva. Segundo Mertz, a ponte baixa irá ganhar uma atenção maior pois a cada elevação do rio, ele arranca cerca de 50 metros de aterro. O prefeito afirma que as frentes de trabalho foram alinhadas com o Governo do Estado e a reconstrução da cabeceira esteve a pleno vapor, sendo concluída com sucesso na última semana. “Deu a infelicidade de um dos vãos ter inclinado na parte de Marques, então, a responsabilidade dos acessos é dos municípios. A gente tinha um acesso entre o barranco do rio e a ponte de uns 20 metros, agora isto virou 50 metros de aterro. Vamos mudar isso agora. A ideia foi colocar pedras grandes para que a água não leve embora. Este trabalho demorou um pouco porque tivemos que alinhar algumas frentes com o governo e com a empresa para refazer a obra”, comenta Mertz.
O chefe do executivo explica a atual situação da ponte baixa e qual a compreensão panorâmica desta obra e, quando questionado sobre a travessia de outros veículos, sinalizou de que em alguns dias será liberado também para veículos pesados. “Temos que ter em mente que a ponte baixa é uma ponte provisória e nesse momento, uma travessia precária. A ideia é que a gente consiga liberar para caminhões também, mas para isso uma avaliação mais aprofundada da engenharia terá que ser feita. É preciso aguardar o laudo para que se consiga essa liberação. Quando estiver autorizado para veículos maiores, iremos comunicar”, afirma.
Expectativa pela ponte alta

No dia 4 de junho, foi conhecida a empresa que construirá a nova ponte entre os municípios de Travesseiro e Marques de Souza. A Zanco Construtora com sede em Xaxim (SC), foi vencedora do processo licitatório. O projeto será executado por R$ 12,6 milhões. No local será preciso realizar o desmonte da atual estrutura que está fragilizada, bem como o processo de construção de uma nova travessia.
Na sexta-feira, dia 4 de julho, o prefeito Gilmar Southier recebeu em seu gabinete a sócia-proprietária e engenheira da Zanco Construtora, Fabiane Zanco Bortolanza, para a assinatura do contrato de execução da obra de construção da nova ponte alta sobre o rio Forqueta. A partir disso, a empresa iniciará os trabalhos de execução do projeto para apresentação e aprovação da Defesa Civil e demais agentes da Administração Municipal.
“Agora a empresa tem 45 dias para apresentar o projeto estrutural, que é o projeto oficial. Até então foi um pré-projeto que a gente licitou. Depois de aprovado pela Defesa Civil, as obras iniciam. Porém, o projeto também pode ser apresentado em menos tempo. Liberando o projeto, a Defesa Civil encaminha o primeiro aporte de valor para o início das obras”, comenta.
Após a assinatura do contrato, representantes da empresa junto com os chefes do executivo dos dois municípios visitaram a ponte caída. No local, foram apresentados o local do futuro canteiro de obras e as áreas destinadas ao depósito dos resíduos. A obra representa um avanço na infraestrutura local. A nova ponte terá 161 metros de extensão por 10,4 metros de largura, com prazo de execução previsto em 14 meses.
MANIFESTAÇÃO DOS AMIGOS DA PONTE

De acordo com a presidente da Associação Amigos de Marques de Souza e Travesseiro, Édna Taís Kremer Stefani, após os últimos acontecimentos envolvendo a construção da ponte baixa, a associação, as administrações municipais e a empresa SMB Ltda, buscaram, de forma conjunta, uma orientação junto ao Ministério Público de Lajeado para tratar de assuntos relacionados à construção da ponte, bem como dos acessos até ela, que são de responsabilidade de execução dos municípios.
Foi firmado um acordo entre todas as partes tendo o aval e posicionamento favorável por parte do Ministério Público, a fim de ajustar o projeto da ponte de 120 metros para 90 metros, visando garantir a segurança e funcionalidade da estrutura. Após a vistoria técnica, o responsável pela obra deve também liberar o acesso para a circulação de veículos pesados.