Duas notícias chamaram a atenção esta semana. A primeira teve a seguinte manchete na Zero Hora: “Aumentos gigantes até 2018 na luz”. A outra, três páginas adiante, estampava: “Sarney desiste de candidatura”. Na minha modesta opinião, as duas notícias terão repercussão nas eleições de outubro.
O aumento na energia elétrica é resultado de mais uma grande enganação engendrada pelo governo federal. Pouco mais de um ano depois da tão comemorada redução no preço da luz, os gaúchos – e brasileiros – vão amargar reajustes seguidos por quatro anos. A explicação oficial credita ao uso das usinas térmicas a sacanagem nacional. Agora fica fácil botar a culpa em São Pedro. Mas o que se presencia é uma total falta de planejamento.
A reportagem da ZH diz: “O Palácio do Planalto tentou evitar o quanto pôde repassar ao consumidor o aumento no custo da energia. O motivo é que o avanço na conta de luz é considerado uma medida antipática em ano eleitoral”. O grande “presente”, através de um desconto na conta de luz dos brasileiros, foi um tiro no pé porque agora a mordida será muito maior.
Talvez esta seja mais uma lição para o povo brasileiro acostumado ao festival de publicidade patrocinado pelo governo federal. Duvidam? Então prestem a atenção nos intervalos da novela ou do Jornal Nacional. Proliferam loas à Caixa Federal, Banco do Brasil, BNDES, Bolsa Família e até na Petrobras, o que mais parece um deboche diante de tantos descalabros envolvendo a outrora petroleira modelo mundo afora.
Um homem de mil partidos e de uniões impensáveis promete sair de cena. Será que é possível acreditar?
O embuste, envolvendo a redução da conta de luz, foi mais um projeto do tipo engana-bobo, voltado principalmente às classes C, D e E, os ditos “novos consumidores” ou aqueles que “ascenderam à condição de consumidores”, como adoram gritar aos quatro ventos os propagandistas de plantão. Azar o nosso!
O ocaso desta verdadeira instituição chamada José Sarney, o homem de mil cargos e dos mil partidos, é uma boa notícia. Talvez tenhamos um pouco de higienização política.
Dizem os estrategistas de Brasília que o homem forte do Planalto, do Acre e do Maranhão, possui sob seu controle cerca de 5 mil cargos no serviço público, o que – convenhamos – constitui uma infalível máquina eleitoral. Multiplique este número pelos dependentes de cada detentor de um cargo que teremos um exército a serviço do proselitismo e demagogia.
José Sarney estreou na política em 1954. Isso mesmo! No início da década de 50, pelo PSD. Mudou ao menos quatro vezes de partido, foi amigo dos militares, passou à oposição, comandou o país depois da morte de Tancredo Neves e levou o Brasil a taxas próximas de 80% mensais de inflação. Trocou de partidos, de ideologia (?) e de Estado, migrando do Maranhão para o Acre. Ao longo de sua impressionante trajetória política só não flertou com Collor.
De resto, Compôs com Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma. Alguém tem 100% de certeza que Zé Sarney deixará a cena?

