Sou um privilegiado. Pela saúde que usufruo, pela família que construí ao lado da minha mulher, por muitos amigos carinhosos que granjeei. E também por exercer uma atividade profissional que me torna um homem realizado.
Sou jornalista desde os 16 anos. Hoje, aos 54, admito que os testes vocacionais realizados no Segundo Grau (hoje Ensino Fundamental) estavam corretos. Estes testes consistiam numa bateria de perguntas que, ao final, rendiam somas com as respostas. O resultado era obtido através de intrincadas fórmulas que revelavam, afinal, qual era a vocação do candidato.
Por pouco tempo tive um emprego que deixava frustrado. Já estudava Jornalismo à noite, na Unisinos – em São Leopoldo – e durante o dia trabalhava como auxiliar de departamento de pessoal. Era uma burocracia maçante que consistia em preencher carteiras profissionais e formulários de férias, acompanhar funcionários demitidos ao sindicato, fazer serviço de banco e muitas outras “cossitas muy chatas” que me mantinham confinados por horas a fio.
Sou de uma geração que não questionava os pais. Por isso, não apenas me submetia ao concurso do Banco do Brasil, como fiz um cursinho para conquistar uma vaga na instituição que naquela época era sinal de status. O curso tinha aulas aos sábados, das 13h30min até às 19h. Era uma tarde inteira entre bocejos e protestos jamais verbalizados ao meu pai. Fracassei em duas tentativas. Fiquei com sentimento de culpa diante do meu pai, mas extremamente feliz internamente porque errei até as questões que sabia para não ser aprovado.
Graças às pessoas sérias, honestas e éticas ainda existem esperanças para o nosso país
Acho que sofreria de depressão profunda se fosse obrigado a permanecer horas a fio atrás de um balcão contando dinheiro (dos outros) e rezando para que o caixa fechasse no final do dia. Por isso, nutro grande admiração pelos bancários que todos os dias zelam pela riqueza do país que circula legalmente.
As primeiras experiências como jornalista aconteceram muito antes da conclusão do curso de Comunicação em veículos do interior do Estado. Em Arroio do Meio, Lajeado e Santa Cruz do Sul dei os primeiros passos para confirmar minha vocação. Depois de décadas na profissão não tenho dúvidas que nasci para fazer isso. À noite agradeço a Deus pela oportunidade, pela alegria, prazer e realização que sinto nesta atividade.
Deve ser deprimente acordar com o dia ainda escuro para cumprir uma jornada sem emoção e alegria pelas tarefas cumpridas. O trabalho realmente enobrece e reforça a sensação de utilidade do ser humano.
A todos os trabalhadores um forte abraço. E a certeza de que graças a todos nós este país tem sobrevivido a tantas barbaridades. As pessoas sérias, honestas e éticas constituem a salvação do Brasil!

