Arroio do Meio – O parecer técnico oficial do Corpo de Bombeiros e geológico feito por uma empresa terceirizada de assessoria ambiental apurou que a recuperação da encosta nas residências das famílias Jung, Zambiasi e Marques, na orla do rio Taquari, no bairro Navegantes é inviável. O solo é considerado instável devido à lixiviação, uma espécie de lavagem que deixa as camadas superficiais menos firmes.
O orçamento apresentado pela Gabiões BR supera os R$ 941 mil. O alto valor se dá em decorrência da necessidade de serviços de bioengenharia para o ancoramento do solo com mão de obra manual, pois não há acesso para máquinas nestes locais.
O município protocolou este e outros prejuízos na busca por recursos na Defesa Civil Nacional, por meio do decreto de emergência feito em outubro, após a enchente. Entretanto, como o repasse dos recursos é incerto, a secretaria do Planejamento vai interditar as residências e incluir as famílias num programa social que possibilita a desapropriação e a permuta dos locais afetados possibilitando a reconstrução em loteamentos populares. O programa só vale para as vítimas que não tenham outros bens imobiliários.
Apesar das casas estarem em áreas consolidadas, reformas serão enquadradas em Áreas de Preservação Permanente (APP) e o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) não liberará documentos de “habite-se” o que também inviabilizará negociações futuras. “A permanência nestas situações ficará por conta do risco dos próprios usuários”, estima o secretário do Planejamento, Carlos Henrique Meneghini.
Uma comissão da secretaria da Administração fará uma avaliação venal dos imóveis e será oferecida uma indenização, por meio de recursos da Defesa Civil que permitirá a construção em outro local. A matéria será encaminhada para apreciação na Câmara de Vereadores e deve ser votada ainda neste ano.
Na cheia de 2001, a residência do aposentado João Marques, 70 anos, sofreu uma forte inundação. Na ocasião também ocorreu um desbarrancamento da base do terreno. Como a casa foi adquirida por sua mãe e a família gostava da localização, João resistiu em não aceitar a proposta de permuta na década passada, até porque em sua concepção o relevo na encosta não era tão íngreme, o que dificultaria outros deslizes de terra.
Porém, com o passar dos anos, o idoso mudou de ideia e agora faz questão em sair da área de risco. “Não temos mais a mesma energia para realizar as mudanças durante as enchentes e a limpeza. Aqui também não temos autorização para construir uma casa nova”, reflete.
Na estrada geral de Bela Vista/Arroio Grande, nas imediações da CGA Calçados, no loteamento Glória, após laudo geológico, foi proibido o estacionamento na encosta do arroio Grande. A recuperação do local foi orçada em R$ 674 mil e também dependerá de recursos da Defesa Civil. Enquanto isso foi estendida uma lona na barranca para diminuir o impacto da erosão das chuvas.

