Fiquei surpreso com a notícia publicada em O Alto Taquari, edição de 18 de dezembro. Irmãos Gabriel inovam e criam cemitério para pequenos animais, dizia a manchete da página 13. O texto dava detalhes do Pet Memorial Morada da Colina, em Forqueta Baixa, iniciativa dos irmãos Nélio e Astor Gabriel, da AgroVida Pet Shop. A loja – falo por experiência – prima pela qualidade no atendimento, mas é uma pena que não abra nas tardes de sábado.
O cemitério para pequenos animais – como pássaros, gatos e cachorros, entre outros – pode parecer um empreendimento elitista. A manutenção de bichos de estimação é um fenômeno em todo o Brasil e no Estado. Basta perambular por praças, parques e ruas, à tardinha ou nos finais de semana.
A afeição entre um cão, por exemplo, e os integrantes de uma família, é impossível de mensurar. O olhar meigo de um companheiro de caminhadas ou do cúmplice sob o cobertor numa fria tarde de inverno é irresistível.
A adoção de mascotes é também um eficaz bálsamo contra a solidão, principalmente nas grandes cidades onde o egoísmo e a insegurança alteraram o comportamento ao longo dos anos. Uma tigela para água e outra para a ração são suficientes para fazer a alegria de um vira-lata. É pouco para quem proporciona tantos momentos de felicidade.
Animais permitem um exercício de carinho, gentilezas e amor
Há seis anos, o maltês Fiuk manda lá em casa, juntamente com a minha esposa. A dupla é inseparável. No início da noite, basta o elevador se abrir para que o branquinho peludo salte de onde estiver para empreender desabalada corrida em direção à porta de entrada da casa.
A transformação é imediata. Cármen nem se livra da bolsa para acudir o pulguento. Durante quinze minutos ela se dedica integralmente ao cão, adquirido em uma vila de Novo Hamburgo. Nós – marido e filhos – permanecemos distantes, sob pena de sermos recebidos com dentes à mostra do ciumento que rosna e late freneticamente.
Já tentei imaginar o que acontecerá quando o Fiuk nos deixar, mas imediatamente desvio o pensamento. Por isso, o empreendimento dos irmãos Gabriel é uma ideia moderna, útil e até humana. Afinal, os mascotes se integram tão intensamente nossa rotina que se transformam em membro da família.
Não me importo que me chamem de alienado. Separo amigos e animais, familiares e mascotes. Por isso dou carinho a todos. Nada justifica atrocidades contra os bichos. Pelo contrário. Eles permitem um exercício para a distribuição de carinho, gentilezas e amor.

