Arroio do Meio – Moradores do bairro São Caetano, próximo à sede do The Horse encontraram no último sábado, uma grande quantidade de peixes mortos no arroio Jararaca. Sobre a água, uma espuma densa denunciava a prática de crime ambiental. Não é a primeira vez que dejetos são jogados no arroio. A prática, segundo vizinhos, é comum. Em dezembro de 2012 a reportagem do AT abordou o assunto, quando dezenas de peixes tinham sido mortas pelo mesmo motivo.
A aposentada Norma Angélica Gutierrez revela que na sexta-feira, um dia anterior à mortandade dos peixes, a água apresentava coloração esbranquiçada e um forte odor. Ela lembra que o Departamento do Meio Ambiente do município e o Grupo de Patrulhamento Ambiental (GPA) foram chamados, porém não foram até o local para averiguar a denúncia.
Já no sábado pela manhã, após os peixes serem encontrados mortos, os órgãos foram novamente contatados. Amostras da água e dos dejetos da rede pluvial foram coletadas para análises. Já na terça-feira o Departamento do Meio Ambiente voltou ao local. Desta vez, com representantes do GPA, que realizou levantamento fotográfico, e da Promotoria Pública que se reuniu com moradores na tentativa de esclarecer o crime.
Segundo moradores, os responsáveis pela mortandade dos peixes e pela contaminação do arroio são dejetos que chegam até o local por meio da tubulação da rede pluvial localizada sob a ponte da rua José Arthur Schroeder. A situação piorou, conforme eles, quando a tubulação da rede pluvial foi ligada a imóveis construídos próximos ao local e a estabelecimentos comerciais. Revelam ainda que ao entardecer a situação fica ainda mais crítica, pois é nesse período que o líquido de forte odor desemboca em maior quantidade no leito do arroio.
Norma denuncia o descaso do Departamento do Meio Ambiente, que outras vezes coletou amostras da água para análise, porém não deu o devido encaminhamento à Promotoria Pública. “O promotor não foi avisado como deveria. A análise foi feita, porém ficou engavetada no departamento. Ele mesmo falou que a documentação não chegou até ele”, salienta. Outro morador que não quis se identificar, disse que os órgãos de fiscalização se eximem da responsabilidade e empurram de um para o outro.
O promotor da Comarca de Arroio do Meio, Paulo Estevam Araújo revela que denúncias de crime ambiental vêm sendo investigadas há algum tempo, uma vez que as reclamações envolvendo o arroio Jararaca são rotineiras por parte dos moradores daquele local. Observa que a promotoria está investigando o crime com o objetivo de identificar o foco da contaminação. Segundo ele, as provas se somarão há outras já existentes, as quais fazem parte de um relatório enviado ao Gabinete de Assessoramento Técnico (GAT) para os procedimentos cabíveis.
De acordo com o sargento do GPA, Dari Scherer, o arroio foi vistoriado da nascente até a foz por volta do meio dia de sábado. A investigação aponta indícios de crime ambiental, já que a espuma de cor esbranquiçada se forma a partir de um ponto localizado embaixo da ponte da rua José Arthur Schroeder de onde efluentes são lançados no arroio por meio da tubulação da rede pluvial. “Na vistoria constatamos que o agente poluidor ocorre desse trecho em diante. Acima a água está límpida, em perfeitas condições”, afirma.
Ele explica ainda que os efluentes provêm da rede pluvial de estabelecimentos comerciais situados em determinadas ruas do bairro que tem início nas proximidades da ERS 130. Após investigação e levantamento dos dados, um relatório será enviado à Polícia Civil para que tome as providências cabíveis.
O coordenador do Departamento de Meio Ambiente, Leonardo Dalmolin Matzenbacher rebate as acusações dos moradores dizendo que o órgão investiga todas as denúncias sem exceção. Lembra que na última semana foi coletado novamente amostras da água e dos efluentes que foram enviados para análise na Univates, cujo resultado deve sair em 10 dias.
Leonardo afirma que o problema do arroio Jararaca é recorrente, e lembra que um estabelecimento já foi autuado por despejar efluentes no local por meio da rede pluvial. Porém, foi liberado mediante apresentação do licenciamento ambiental. “No entanto, esse estabelecimento poderá perder o licenciamento e multado novamente no caso de reincidência. Nesse caso a multa é mais severa”, revela.


