Um dos principais sonhos da humanidade é permanecer jovem durante toda a vida. Esta postura rende cenas bizarras com gente madura querendo parecer adolescente à custa de muito botox, ridículas cirurgias plásticas, roupas justas e transparentes e um conjunto sem fim de dribles na certidão de nascimento.
Todos nós conhecemos amigos nascidos no século passado que mantêm a jovialidade graças ao bom humor, alto astral e vontade de viver, deixando o aspecto físico em segundo plano. É gente que gosta de viajar, ouvir música, se divertir ao reunir amigos em torno de uma mesa de bar, contar causos, assar uma carne ou simplesmente jogar conversa fora.
O avanço da medicina prolongou a longevidade e trouxe alívio para uma legião de pessoas que padece de inúmeras doenças. Laboratórios investem bilhões todos os anos para desenvolver drogas capazes de combater patologias que desafiam a humanidade há décadas, como o câncer. Os mesmos gênios que se digladiam contra vírus e bactérias usam toda a sua espertise para manter jovem – para sempre! – homens e mulheres inconformados com a idade.
O acesso à cirurgia plástica está cada vez fácil. Soube – não consegui confirmar – que existem planos de consórcio para facilitar o acesso ao bisturi. É um vale-tudo para abrandar os primeiros sinais de despedida da juventude: aparecimento de manchas na pele, surgimento de rugas e “linhas de expressão”, aparecimento de flacidez e desenvolvimento de pele seca e fina.
Observo divertido os obcecados pela quantidade de calorias junto aos bifês com suas atrações
Recorri ao “tio Google” para relacionar estes sintomas porque esta não é a minha praia. À exceção do aumento da barriga, fruto do elevado consumo de “suco de cevada” – também conhecido como cerveja – pouco ligo para o avanço dos sinais de velhice. Me considero feliz por ainda ter cabelos, mesmo que ralos, diante da herança de meus antepassados, quase todos carecas antes dos 50 anos.
O período de exposição do corpo dá sinais de exaustão. Aos poucos, a temperatura diminui, obrigando o uso de roupas menos leves que escondem as deformidades do corpo. Aos 55 anos, observo a cada ano a obsessão em torno das academias, parques e ruas, de “atletas de verão” que tentam em pouco tempo adquirir silhuetas esbeltas, de “parar o trânsito”, como se dizia na minha adolescência.
Manter uma aparência saudável é apostar na qualidade de vida, longe de virar fixação. Dou gostosas risadas quando pessoas leem sofregamente informações sobre o total de calorias nos bifês com suas irresistíveis atrações. Ali brilham lasanha, polenta recheada, assados e, para arrematar, sagu com creme, torta de bolacha e arroz de leite.
Aproveitar a vida, curtir os amigos, manter as boas recordações vivas e compartilhar momentos felizes junto à família são, de longe, a melhor cirurgia plástica. Que nem plano de saúde exige!

