A vantagem de ficar velho é a possibilidade de avaliar, com critério e isonomia, velhas amizades que se perpetuaram através do tempo. Lamentável, apenas, que quase sempre a expressão “a gente precisa se encontrar” permaneça no terreno das hipóteses. A notícia da perda de um velho parceiro de festas, estripulias juvenis e outras pequenas transgressões levam a um remorso sem tamanho. Tenho passado por estas tristezas com cada vez maior frequência.
O advento das redes sociais facilitou o trabalho de reencontrar pessoas que marcaram a nossa trajetória de vida. Hoje é possível descobrir gente querida em qualquer lugar do mundo, arquivando com a velha desculpa de que é impossível, depois de tantos anos, saber onde fulano ou beltrano estão.
Amanhã à noite, no Clube Esportivo, acontece mais uma edição da Boate de Garagem, iniciativa do Wanderley “Xumby” Theves, o inquieto, irreverente e criativo. Participei de apenas uma festa, realizada no Arroio do Meio Piscina Clube, e não me arrependi.
A programação deste sábado começa bem cedo, mas o ponto alto, na verdade, será o reencontro com ex-colegas da Escola Luterana São Paulo, do Colégio São Miguel, dos Canarinhos do São Miguel, do futebol que disputávamos em São Caetano – no Sete de Setembro -, dos campeonatos de futebol de salão da praça pelo Mini Craques, sem falar dos conhecidos do tempo em que eu engatinhava na vida jornalística como único funcionário do jornal O Alto Taquari.
Dorothea Suhre, um eterno exemplo de amor, dedicação e generosidade
Aos 55 anos é impossível conter o saudosismo. As comparações com “o meu tempo de guri” são inevitáveis. Isso é salutar porque manter as raízes é o segredo para manter vivas nossas recordações e valorizar exemplos que serviram de inspiração para nossa vida.
O equívoco está em comparar tempos, hábitos e posturas de momentos históricos totalmente diferenciados. Ao dedilhar estas mal traçadas linhas, por exemplo, é impossível esquecer das aulas de datilografia ministradas sob a sinfonia das teclas furiosamente acionadas por pesadas máquinas de escrever.
Graças ao curso de datilografia mantenho a agilidade necessária para realizar as funções de jornalista. Lembro, com nitidez, do dia da prova final, quando meia folha de ofício cobria o teclado. “Vocês precisam saber onde estão todas as letras… mas sem olhar para elas!”, repetia a professora enquanto eu suava em profusão.
A dedicação da professora Dorothea Suhre é um sopro de dignidade, dedicação e amor à profissão. Paciente, sorridente e dotada de uma generosidade sem fim, ela é personagem que empresta dignidade a uma das profissões mais importantes do mundo. Na Escola Luterana São Paulo ela educou gerações através de tamanha entrega que todos nós nos sentíamos seus filhos, esbanjando carinho.
Voltar no tempo, como disse no início, remete a episódios que arrancam suspiros, sorrisos e emprestam ânimo fundamental para seguir adiante. Como diz o ditado, “amizade é um amor que nunca acaba!”.

