Desde que o coronavírus se espalhou mundo afora nada está igual. As transformações são inúmeras e afetam todos os setores da sociedade. No trabalho não é diferente. Há quem esteja trabalhando mais, e até exposto ao risco, enquanto outros enfrentam mudanças drásticas nas suas rotinas laborais.
Vendas registraram leve queda
O representante comercial da Distribuidora Friedrich, Lairton Kraemer, 49 anos, o Pepino, morador de Bela Vista, Arroio do Meio revela que pouco mudou na sua rotina em decorrência da pandemia. Pepino atende, principalmente, farmácias, com produtos das marcas Climberland e Bic, em 11 municípios do Vale do Taquari. “Na primeira semana, trabalhamos de casa, pelo telefone. Agora, estamos atuando com máscaras. Praticamente atendemos todos os estabelecimentos, dentro das normas para evitar a contaminação. Um e outro atende somente atrás do balcão. Por se tratarem de produtos de alta procura, as vendas não caíram tanto”, revela.
Vendas por e-mail e WhatsApp
O representante comercial Sandro Kuhn, de Arroio do Meio, viu sua rotina mudar drasticamente no dia 19 de março. Acostumado a atender clientes presencialmente nas regiões Central, Noroeste e das Missões, teve de readequar o trabalho, fazendo os contatos de casa, por e-mail ou WhatsApp.
Como representa produtos destinados ao comércio essencial – higiene pessoal, temperos e doces/candies – não enfrentou problemas com clientes ou entregas paradas. As vendas continuam, embora menos expressivas. Entre os produtos que têm aumento na procura estão toalhas umedecidas e a linha de temperos com alho. Itens que não integram a cesta básica do consumidor ficaram em segundo plano, com o comprador fazendo apenas reposições.
Apesar da redução das despesas com combustível e hospedagem serem um ponto positivo, Sandro revela que o trabalho a distância tem diferenças significativas no processo de venda. “Sinto falta de ter o contato presencial, o olho no olho, de ir na loja, dar uma olhada, dar uma sugestão para ajudar o cliente. Também vejo que quando não estamos com o cliente é muito fácil para ele dizer não para ti”.
Mesmo que alguns pontos comerciais já estejam recebendo representantes comerciais, ele só deve retomar a rotina de viagens na segunda quinzena de maio. A ideia é esperar para que possa visitar o maior número de estabelecimentos possível, para que o deslocamento tenha melhor custo-benefício.
Demanda por tele-entregas aumentou até 40%
Na semana passada o Sindicato dos Motociclistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindimoto-RS) anunciou um aumento de 30% nas tele-entregas desde o começo do isolamento como forma de conter o novo coronavírus. No Vale do Taquari não foi diferente. Conforme o motoboy, Pablo Gabriel de Oliveira Schröder, 24 anos, a demanda vem pelos serviços básicos, como entregas de medicamentos e alimentos.
Schröder atua no segmento há dois anos e meio, atende principalmente estabelecimentos de Arroio do Meio, mas gira em todo o estado. “Nas últimas semanas, só estamos parando para dormir, para dar conta de todos os serviços que aumentaram até 40%”. Como medidas de segurança, Pablo usa máscara e luvas, e antes de entrar em casa, tira as roupas usadas no serviço e as põe para lavar com água sanitária para a desinfecção.
Segurança nas viagens de táxi para passageiro e motorista
Taxista em Arroio do Meio, Jonatan Goettens inovou no seu serviço para garantir maior segurança e prevenção para ele e para os passageiros. Junto de seu pai Elton, atua no ramo há 10 anos e dispõe agora, em seu veículo, de uma estrutura que forma uma barreira entre os bancos da frente e os de trás. Feita com aramado e plástico, ela garante mais tranquilidade para ambos. O investimento, segundo ele, foi bastante baixo.
Conforme Jonatan, a ideia partiu do seu pai. Eles fizeram então uma pesquisa na internet e se inspiraram em um modelo usado por motoristas de aplicativo de São Paulo.
“Agora, aqui no taxi, os passageiros entram atrás e não temos contato nenhum. Eles saem, passamos álcool em toda a parte de trás do carro e, assim, fazemos com todos. Só entra quem estiver usando máscara, para maior segurança”, relata o motorista.
Depois que fizeram essa modificação, os passageiros se sentiram mais seguros e a ideia foi 100% aprovada. Outros taxistas, inclusive de Capitão e de Lajeado já o procuraram para saber como fez a proteção no carro e Jonatan se dispõe a prestar as informações para quem se interessar, bastando entrar em contato através da página no Facebook, Taxi do Enton/Jonatan.
“Acho que neste momento é muito importante todos nós nos prevenirmos. Infelizmente não podemos parar de trabalhar, pois acho que nosso serviço é essencial para muita gente que não tem carro, não tem moto e não tem como se locomover. Então, temos que continuar trabalhando, mas com muitos cuidados. Acho que se todo mundo tomar precaução, vamos passar por isso logo e dias melhores virão”, declara.
Jonatan observa que quando começou a situação de pandemia muitas pessoas nem davam bola, mas ele e o pai sempre tentavam conscientizá-las de que era algo sério. “Agora, como temos os primeiros casos na cidade, estão todos pensando diferente e, até por isto, adoraram a nossa ideia, pois dá mais segurança”.







