Numa localidade predominantemente habitada por alemães e luso-brasileiros, os “italianos” chegaram aqui (Arroio do Meio) em meados de 1950, e fortaleceram a economia local.
Eram poucas famílias de origem italiana, porém ao final daquela década viria outra leva, oriundos da região alta do Vale, ou como diziam, dos morros…
Linha Alegre, Coqueiro Baixo, Linha Garibaldi, Nova Bréscia, Caçador, Pedras Brancas, Pilão… famílias numerosas, algumas até com dez ou doze filhos, muitos já adultos e até casados.
Neste processo de migração, no ano de 1959, Maria Angelina e Erlindo Meneghini (in memoriam), da numerosa família que carrega o sobrenome Meneghini/Meneguini, se instalaram em Arroio do Meio. A mudança veio na carroceria do caminhão F-600, conduzido por Erlindo, e junto, o filho Élio, de apenas dois anos. No ano seguinte, na nova cidade nasceu Ênio, o outro filho do casal.
Por quase dois anos a família viveu numa casa alugada, dividindo a mesma com Carolina e José Meneghini, que também haviam saído de Coqueiro Baixo. Aos poucos outros conterrâneos seguiram a mesma trilha. Famílias Manica, Casotti, Dalpian, Alberton, Gasparotto, Zambiasi e outros que não vem à memória, porém ela lembra que boa parte dos filhos destes, falavam apenas o idioma italiano, “as crianças sofreram um pouco com isso”, disse Maria Angelina.
Filho de Ricardo e Amábile Meneghini, o esposo Erlindo nasceu em Coqueiro Baixo onde trabalhou como motorista de caminhão para a Cooperativa Flor da Serra. Antes de dirigir o caminhão, trabalhava com as tropas de mulas da cooperativa, buscando e levando produtos em propriedades rurais e portos. Erlindo teve outros seis irmãos: José (in memoriam/A.do Meio), Avelino (SP), Jandir e Renildo (SP, ambos já falecidos), também Basílio e Ana, que residem em Arroio do Meio.
Na área central do munícipio, junto a alguns “irmãos e primos”, foi sócio/proprietário do Supermercado Meneghini, na época o maior da cidade, localizado na esquina das ruas Maurício Cardoso/Gustavo Wienandts (hoje Supermercado Arroiomeense). Em outra sociedade, ele e os irmãos compraram caminhões Alfa Romeo, e alguns trabalharam como motoristas. Erlindo foi motorista de caminhão por mais de quarenta anos, transportava produtos fabricados pelo frigorífico ARDOMÉ especialmente para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Empreendedor que era, nunca voltava com o baú do Alfa Romeo vazio, geralmente trazia uma carga de açúcar, para a Indústria Wallerius. Chegava a ficar 25 dias fora de casa, numa época onde era quase tudo estrada de chão e ninguém tinha telefone. “Não se tinha notícia alguma, era rezar e esperar”, lembrou a viúva.
Posteriormente, o falecido marido formou outra sociedade, com o irmão José, alugando o açougue que era de Mário Schneider (in memoriam), também nesta cidade. Mais adiante os irmãos abriram um açougue em Lajeado. Aliás, os filhos de Erlindo e José, não foram os pioneiros no segmento de açougue nesta cidade, porém são referência e por décadas estiveram à frente no segmento, com açougue em diferentes pontos da cidade.
Maria Angelina e Erlindo residiram por mais de quarenta anos na rua Maurício Cardoso onde também alguns irmãos e primos construíram casas de alvenaria. A casa dos irmãos, e a de outros descendentes italianos, na medida que iam chegando e construíam suas residências seguiam o mesmo estilo arquitetônico, que era projetado pelo construtor Theodoro Beckmann.
Mãe dos empresários arroio-meenses Ênio e Élio Meneghini (Meneghini Automóveis), recorda com alegria e saudades que a vida não era só trabalho e afazeres domésticos. Entre os divertimentos, os tradicionais bailes de kerb eram aguardados com grande expectativa. As mulheres planejavam com antecedência que roupa usariam nas três noites seguidas de baile, dois no Clube Esportivo e um no Aliança. Os tecidos eram levados na melhor costureira.
Aos 85 anos, Maria Angelina não esconde o orgulho dos netos Mariana, Alexandra, Matheus e Maximiliano, e bisnetos Manuela, Vicente e Francisca. O carinho fica evidente nas tantas fotos dispostas no apartamento onde reside há 16 anos, no Centro da cidade.
José Meneghini, irmão de Erlindo, faleceu em 1976, aos 46 anos. A viúva, Carolina, aos 89 anos, segue residindo na mesma casa, onde é rotina a visita dos filhos Luiz, Leoni e Leandro e suas famílias.
Uma família numerosa
A Família Meneghini é numerosa, ficando difícil nominar todos os descendentes, Amabile, Eugênio, Clementina, Daniel, Antonio, Lourdes e Elia, são filhos de João e Celestina Meneghini e alguns destes, e seus descendentes, vivem em Arroio do Meio. Constituíram família, empreenderam em diferentes áreas e seguem contribuindo na construção e reconstrução do município de Arroio do Meio.
Adriana Meneghini Lermenn, filha de Antônio e Iracema, foi inclusive a primeira mulher da família a ingressar na política. O primo, Deoclécio, filho de Daniel Meneghini, concorreu à vereança e atuou em governos do MDB. Adriana seguiu o magistério, atuou muitos anos como professora e posteriormente foi diretora de escola, quando eleita vice-prefeita, governou o município de Arroio do Meio ao lado do então prefeito Danilo José Bruxel, de 2020 a 2024.
Atualmente é responsável pela pasta da Educação, Cultura, Turismo e Desporto no município de Forquetinha.
Detalhe – Erlindo e Antônio Meneghini eram primos. Suas respectivas esposas, Maria Angelina e Iracema, eram irmãs.






