Quantas vezes você pode casar até encontrar o par perfeito? A pergunta partiu de uma amiga que, ao ver meu perfil na rede social, fez as contas e percebeu que eu já tinha uma boa experiência nesta praia. Eu, que nos tempos de guri ouvia os comentários escandalizados dos mais velhos contra “o casa separa do meio artístico”, hoje percebo que as relações se volatilizam com o passar dos anos. Sinal, ou melhor, sina dos tempos. Pensei seriamente a respeito. Afinal de contas, a pergunta era pertinente. Ela me contou que por mais de uma vez tentara encontrar um novo companheiro. Buscou em todos os lugares possíveis: festas, indicações de amigos, em bailes e bares de solteiros. “Mas, apesar de conhecer homens legais, estes pareciam distantes, mais preocupados com o momento”, reclama.
Ela se diz cansada de a cada sexta-feira “vestir-se para matar” e voltar para casa sem muito a acrescentar nessa verdadeira batalha em que se transformam os ambientes onde frequentam solteiros originais, ex-casados que retornam a essa condição e prováveis novos solteiros: casados em “escapadinhas”. Esses, “o pior perfil”, define a amiga. De qualquer forma, não existem alternativas diferentes para quem deseja ter alguém a seu lado. Juízo, muito mais do que determinação, e amor próprio, acima de tudo. Quem não se gosta vai encontrar quem não gosta de ninguém!
Sou um tanto arisco a uma atitude de “caçador” nestas horas. Em botecos, por exemplo, é mais difícil encontrar-se o tal “par ideal.” Não que seja impossível. Mas tenho exemplos doidos de gente que literalmente “casou na festa” e acabou enfrentando uma ressaca monumental ao final. “Mas por onde devo começar?” exige a amiga, já um tanto desarvorada. Não deixar de divertir-se, manter o espírito festeiro é importante e aprender, aos poucos, a avaliar um pretendente. Descasados precisam guardar lições de relações passadas. Amadurecer é tudo. E investir em perfis, não em ambientes. Aquela mulher, aquele cara que te atrai e está disponível, quem sabe?
Atingido o objetivo maior, chega a etapa de responder à pergunta que abre esta crônica. Será que vai durar o suficiente? Se não, poderei casar outras vezes? Erro crasso de avaliação. Faça o melhor para tornar a vida a dois muito mais do que tolerável, com bons momentos de felicidade. Criem planos em conjunto, não pensem que poderia ter sido melhor desse ou daquele jeito, mas que existe uma maneira única de se construir uma história a dois. De repente, os anos passaram e a parceria aumentou. A febre da paixão não ultrapassa mais os 37,2 graus, mas é perfeita para acalmar a ansiedade e alimentar um amor formatado na admiração mútua.
E assim, entre combinações para a reforma da sala, o passeio à Serra ou quem sabe uma temporada na praia, essas coisas tão comuns, mas que fazem uma falta terrível quando se está sozinho, conduzem o tempo de uma maneira especial. Isso vale por toda uma vida? Ou pode se repetir com muitos outros candidatos? Aí, respondo, é simplesmente uma questão de energia e saúde. Buscar o amor é tão importante quanto manter um amor. Uma, duas, três… Até onde se poder contar.