Ainda bem que aliviou com a chuvinha na quarta-feira. Mais um pouco e teríamos gaúchos querendo utilizar água de piscina para o chimarrão. O calor extremo já levou a temperatura a quase 44°C no Estado e eu, um fã do outono, sofro com saudades daquelas tardes de verão que aliviavam a pressão atmosférica com uma pancada leve de chuva. Coisas de um passado à moda antiga.
As lojas na região metropolitana de Porto Alegre estão reforçando seus estoques de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado e a previsão é de que, até o início da segunda quinzena de fevereiro, teremos temperaturas mais civilizadas. Assim, longe das ondas do mar, permaneço na expectativa de um refresco dessas outras terríveis ondas de calor.
Fui ao supermercado e as pessoas reclamavam que até levar as crianças a uma praça se transformava em sacrifício. Haja sombra! Piscina, aqui em casa, só depois das 16h quando a insolação perde um pouco de força. E as escolas? As aulas, que deveriam ter iniciado na segunda-feira, tiveram seu calendário adiado.
Muitos casamentos, namoros ou paqueras de verão também sofrem com esse assustador bafo quente. Se o sol aumenta a concentração dos hormônios de bem-estar, o calor extremo vai no sentido contrário, desencadeando uma maior produção de cortisol – ele mesmo, o hormônio do estresse – que fatalmente irá interferir negativamente no desejo por intimidade.
A turma procura o litoral convencido de que vai se dar bem. Mas aí se deparam com o infernal calor que atinge 35°, ou mais. Haja saúde e estímulo para o amor. Jones, meu amigo nerd, disse que alguns artigos científicos recentes estudam a relação entre as temperaturas extremas e o número de nascimentos. E os resultados confirmam os efeitos ruins do calorão.
Por exemplo, a Universidade da Califórnia, nos EUA, divulgou o resultado de uma pesquisa revelando que, entre 1930 e 2010, quando as temperaturas passaram a atingir picos superiores aos 27ºC diminuíram os registros de partos. Imagino agora quando a sensação térmica atinge extremos ainda mais assustadores. Vai ser um tal de “me procura amanhã, ou compra um ar-condicionado”. Pô!
Eu não faço planos de ir ao litoral. Enfrentar o desconforto que inicia a partir do interminável engarrafamento nas rodovias me desanima. Ah! E a disputa nas areias? Sim, a missão passa a ser encontrar espaço entre milhares de guarda-sóis. Tudo entre caixas de som aos berros.
Assim, minha heroica resistência alternativa fica longe do mar, entre duchas frias e mergulhos na piscina caseira onde, infelizmente, a água segue morna, quase no ponto para um mate, ou tereré.