As estradas estão esburacadas, circular no lado catarinense da BR que ainda não está concluído já provoca tranqueira. Imaginem o que acontecerá em plena temporada. Mesmo assim, vamos nos atirar rumo ao sol. Todos querem a brisa marinha, o calor que tosta e nos deixa com ar de turista estrangeiro em pleno litoral brasileiro. E se chover? Sim, Florianópolis e suas belas praias têm o péssimo hábito de nos inundar com chuvaradas intermináveis. Torceremos todos por chuva de verão. Aquela que refresca e nos dá infindável paciência para encarar as filas nos restaurantes, a comida ruim, a bebida cara. É o preço do sol, da paisagem, da água cristalina e das belezas que desfilam nas areias finas.
No ano passado, um vizinho, divorciado na primavera, já no verão aprontava. Começou com festa no litoral Norte gaúcho. Em Cidreira, conheceu a filha de um ex-chefe, que o acompanhou em uma noitada de muita cerveja. Era aniversário de um tio (tios e tias é o que não falta em Cidreira). Não rolou nada. Aliás, “ficaram” e ele entendeu o real significado deste pré-namoro: beijinhos e abraços, sem grandes avanços. Nada conseguiu também entre o sábado e o domingo e na segunda-feira tomava o rumo de Capão da Canoa e Atlântida. Descasado em férias ignora a comida ruim, as filas no supermercado, ou a interpraias maltratada das nossas cidades litorâneas. Só precisa de bebida gelada e, é claro, mulheres disponíveis.
Assim, em Atlântica, conheceu uma psicóloga – ou melhor – foi reconhecido por ela que o via com frequência na clínica onde trabalhava (ele e a mulher haviam tentado terapia de casais, antes dela encontrar a cura com um engenheiro civil). Foi divertido, mas talvez por cacoete profissional insistia em analisar cada movimento seu, fiscalizar maternalmente, se bebia em excesso ou estacionara em local proibido. O beijo sem graça o fez sentir-se um Édipo mal resolvido e assim tomou o caminho de Atlântida. Lá conheceu a dona de uma estética de Canoas. Mulher madura, bonita que o convidou para um champagne ao final da tarde.
Tudo corria bem não fosse descobrir, na pior hora, que ela era casada e o marido chegava. De surpresa. Escapou, porque o sujeito ligara antes. O que confirma a teoria de que ligar antes evita terríveis constrangimentos! Tentou Florianópolis, mas desistiu quando uma argentina que mais parecia a avó de Gardel insistiu que dividissem uma caipirinha. Ainda experimentou Garopaba. Na casa alugada por amigos, divertiu-se muito. Cozinhou para os amigos, mas como todos eram casados não conheceu ninguém interessante. Nos bares, dezenas de outros casais, poucos solteiros, ou mulheres que prestassem atenção a ele, um quase cinquentão, igualmente quase em forma.
Acabou de volta às praias gaúchas, onde ao menos poderia conversar com amigos e amigas próximos. O tio – aquele de Cidreira – perguntou se ele não queria acompanhá-lo em uma pescaria na plataforma. Aceitou, por falta de coisa melhor e também para economizar. Gastara muito no litoral catarinense. E foi lá que reencontrou aquela primeira paquera e… Bom isso fica para o próximo sábado.