Entra ano e as resoluções estão lá: claras, objetivas e ordenadas. Na metade do ano, já estou confundindo as coisas. O compromisso de emagrecer tantos quilos entra em conflito com o prato de macarrão à bolonhesa que os primeiros ventos frios estimularam a escolher naquela cantina. A caminhada obrigatória encontra todos os bancos disponíveis da praça de onde com certeza – se pode observar gente absolutamente em forma – que não para nem para te dar uma estímulo: “Vai lá, gordinho!” E as questões profissionais? Será o ano em que você definitivamente desistirá deste trabalho que não te leva a nenhum lugar a não ser a uma imensa frustração, em troca do projeto magnífico da pousada em alguma montanha de paisagem fantástica, ou em alguma praia da moda. Antes você quer equilibrar a situação. Quitar as dívidas, mas o engraçado é que elas parecem alimentar-se de projetos. O Brasil tem o PIB do Reino Unido, mas o nosso reino unido tropical só tem lugar para uma corte muito pequena e decididamente mesquinha. Por enquanto, eu pelo menos, estou fora.
No campo afetivo-familiar, a coisa é ainda mais enrolada. Os que planejam filhos, às vezes, não conseguem realizar seu sonho enquanto outros, sem nenhuma estratégia, procriam feito coelhos malucos roubados de algum conto de Lewis Carrol. Não existe mágica. E tudo aquilo que está alinhado no papel, no computador ou afixado na porta da geladeira – desculpem o trocadilho tipo ano-velho – pode acabar em uma gelada. Portanto, nada de exagerar nas expectativas. Planejar é fundamental. Mesmo para gente desorganizada feito esse que digita neste instante, para variar, de última hora, pressionado pela turma do fechamento. “Ari, não vai esquecer da coluna, hoje é quarta-feira,” me alerta toda a semana a paciente Rejane. E lá vou eu, a recuperar o tempo perdido.
Tudo o que eu planejei em 2011, deu certo. Ou chegou próximo a isso. Talvez não no formato pré-estabelecido, mas dentro das limitações impostas pelo momento. E ainda conquistei uma nova experiência profissional maravilhosa, em um trabalho de análise de mídia. Coisa minuciosa, que exige atenção e alguma cultura. Mas que por isso mesmo colocou esse veterano jornalista a pensar, buscar o contexto da informação que, virada do avesso, sempre tem mais entrelinhas do que podemos imaginar. Então, vamos nos permitir pequenas, mas valorosas mudanças. O mesmo trilho às vezes sobrecarrega os dormentes com projetos inacabados, por erro de foco, desinteresse ou a mais natural dificuldade de execução.
Apenas aviso que coisas afetivas, como trocar de parceria amorosa, não podem ser colocadas nesta lista. Não é na virada de calendário que se conquista uma parceria, mas na mudança de atitude e amadurecimento. Isso acontece naturalmente. O que se deve fazer é buscar a cura de pequenos defeitos – egoísmos, ou exacerbada doação sem retorno. Para esse tipo de mal, sempre tem literatura, conselhos de bons amigos e psicanálise, quando possível. O fundamental é acreditar que se pode e se vai melhorar – não a partir do ambiente adverso – mas de você mesmo, que, afinal de contas, integra essa massa de gente sempre em busca de amor e um mínimo de reconhecimento. Até 2012, amigos leitores. E que continuemos juntos, a cumprir, da melhor maneira possível, nossas resoluções.