Duas candidatas, duas irmãs foram detidas pela polícia por prestar vestibular de Medicina no lugar de outras pessoas. Vergonha! Mais uma fraude em vestibular, desta vez descoberta no vestibular da Universidade Católica de Pelotas (Ucpel), domingo passado. Com certeza são jovens inteligentes, a serviço de outros jovens medíocres. Não pela falta de inteligência, mas pela ausência de amor próprio e sentimento ético. E aí penso nesse mundo novo, de tecnologias fantásticas, oportunidades únicas para a gurizada que se aventura no mercado de trabalho. Duro, competitivo, selvagem como sempre. Quando imaginaríamos tantos cursos, tantas faculdades e possibilidades de mestrado? Estudo no exterior não é mais um bicho-de-sete-cabeças.
Austrália, Canadá, Portugal, Espanha, Alemanha são alguns dos países onde filhos de amigos meus foram buscar especialização, experiência de vida e algum dinheiro. Mesmo assim, com todas essas possibilidades e talvez, em função de tamanha abertura, vejo muitos jovens travados. Inseguros, diante do universo que se abre. Faltou algum incentivo, algum trabalho na questão emocional. Não é fácil. O novo exige dedicação, confiança e uma capacidade enorme de superar a competição, cada vez mais acirrada
A gurizada que se dedica está a mil! Mas na maioria das vezes, não confia muito em seu potencial. Veem outros que dominam alguma tecnologia de ponta, ou frequentaram mais cursos, qualificaram um pouquinho mais adiante seu currículo e acabam levando medo! Nós, pais, conhecemos perfeitamente nossos rebentos. Sabemos de suas qualidades e, quando somos atentos, ajudamos a superar limitações. Mas mesmo assim é difícil acalmar a fera do medo que os assusta nos momentos mais íntimos. Será que valeu a pena tudo isso? Essa especialização vai me abrir portas? Vou conseguir passar pela barreira do vestibular?
Assim nos resta mostrar que, acima dos cursos, das especializações, das vocações, está a capacidade de enfrentar as trevas da insegurança onde aparentemente tudo é claro e perfeito. Acima de tudo, devemos ensinar que amor próprio não é arrogância e humildade, não é sinônimo de submissão. Não queremos uma geração de narcisos que se apaixonam e consomem-se com sua própria imagem, mas a trabalham para servir ao próximo. Somente assim qualquer profissional conquista espaço e faz de sua labuta um exemplo de sucesso e ética. Único entre iguais.