O desejo de inovar nas apresentações fazendo algo diferenciado foi o motivo que levou o Grupo de Danças Helmuth Kuhn a apostar no teatro mesclado com danças. Os próprios integrantes se surpreenderam ao descobrir que possuíam talento para a interpretação.
Uma das principais características do Helmuth Kuhn, que atualmente possui 80 integrantes, é a união. Conforme uma das integrantes, Marceli Galli, “mesmo se encontrando nos ensaios e apresentações, nos momentos de folga os integrantes também acabam arrumando um pretexto para se reunir. E, são nesses momentos que na maioria das vezes surgem as peças teatrais, que não são cópias, mas sim, acontecimentos, ideias e sugestões que surgem quando estão todos juntos. Mas, montar uma peça nova não é tarefa fácil, pois requer tempo, algo bem escasso, pois todos têm seus afazeres e compromissos pessoais”.
O primeiro contato do grupo com o teatro ocorreu por volta de 1985/1986, quando os integrantes da época montaram uma peça de teatro mudo na qual interpretaram a música O alemão e o delegado, de Bruno Neher. Depois disso, anos se passaram sem que o teatro fosse usado nas apresentações. Este foi um período em que o foco na dança também rendeu frutos. “Frequentemente o grupo era convidado a se apresentar em outros estados, como São Paulo e Paraná, ou ainda em programas de TV como o Galpão Crioulo, representando a etnia alemã através de sua dança”, destaca Marceli.
Em 1995 o teatro reaparece na Dança do barbeiro, na qual um barbeiro, seu ajudante e um aprendiz de ajudante aprontam todas ao barbear e aparar o cabelo de personagens como o padeiro, o limpador de chaminés e o agricultor. Mas foi em 1999, no baile Antigamente Era Assim, da Comunidade Evangélica de São Caetano, que o grupo Helmuth Kuhn apresentou pela primeira vez uma esquete teatral que segue o formato que se mantém até hoje: histórias cotidianas do colono alemão, contadas em forma de teatro falado, intercalado com dança folclórica alemã. Em 13 anos já são oito diferentes apresentações com temas como o roubo do ‘frischtick’, a gravidez da Glaci, a vaca louca, a dengue, a morte da sogra e o sangari.
O DVD que apresenta a peça teatral Sangari, será apresentado no próximo dia 12 de abril, às 19h, no Cine Clube. O evento contará com a presença dos atores do Sangari e integrantes do Helmuth Kuhn.
Descritivo dos personagens:
Hari: anti-herói interpretado por Júnior Kaufmann, um exemplar típico do sujeito atrapalhado e que se julga muito inteligente. Não se dá conta do quanto é inconveniente, e não faz questão nenhuma de esconder seus defeitos. Casado com a Glaci, com quem briga o tempo todo, mas não vive sem ela.
Glaci: interpretada por Fabiane Petry, a Glaci é a esposa durona do Hari. Seu jeitão direto e ríspido de falar as coisas rende ótimas gargalhadas. Etiqueta não é o seu forte, e a delicadeza foi um ingrediente que faltou no dia de sua “formulação”. Talvez por tudo isso, o público adora ela!
Oswald: o vizinho intrometido é interpretado por Eduardo Kaufmann. O Osvald é o amigo certo, mas sempre nas horas impróprias. Aparece quando a situação já está complicada, e traz sempre mais um feixe de lenha para colocar na fogueira. Ele é divertido e metido a moderninho, já morou na cidade e foi namorador. Hoje voltou pra colônia, de onde nunca devia ter saído.
Néne: interpretado por Ernani Loch, é o filho da Glaci e do Hari. Dá muito trabalho aos pais, por vezes volta super tarde das festas, engravida filha de vizinho, e agora, na peça Sangari, traz uma namorada muito feia e folgada pra casa.
Linda: É interpretada por Carla Horst, que capricha (ou melhor, relaxa) no visual para incorporar a horrível namorada do Néne. Apesar de tudo, se diz muito namoradeira e cheia de pretendentes.
Dr. Pless: interpretado por Eduardo Kaufmann, é o médico da família do Hari. Atende aos pedidos mais inusitados, e se mete a conselheiro da família. Claro, sempre é interpretado de maneira incorreta. Tem uma clínica, na qual trabalham o Valda (Eduardo Kuhn) e o Leoníssio (Fernando Enéias Bruxel)
Enfermeira: interpretada por Francine Gasparoto, ela trabalha no hospital e atende às internações do Hari e de sua sogra, a mãe da Glaci. Mexe com o coração (e outras coisas mais) do Hari, que se derrete por seus encantos.
Xec: a vaquinha do Hari e da Glaci. Tem participações rápidas nos espetáculos, até porque precisa dar um jeito de se virar pra trazer o sustento da casa. Se depender do Hari…
OPINIÃO:
Júnior Kaufmann (interpreta o Hari): “Somos amadores, mas amadores mesmo. Nunca nenhum de nós participou de uma oficina de arte cênica sequer. Penso que este trabalho acabou dando certo justamente por ser feito do nosso jeito, e porque buscamos em nossas interpretações os traços daquilo que já vivenciamos em nossas infâncias, das figuraças que já fizeram parte de nossas vidas, do dia a dia que presenciamos enquanto corríamos com os pés descalços pelo interior. Claro, nas peças exageramos tudo, misturamos essa cultura dos nossos antepassados com experiências atuais, fica muito engraçado. E o dia da estréia, quando a peça sai do papel e encara um salão lotado pela primeira vez, não tem preço. Centenas de pessoas, olhando pra você sem conseguir segurar as gargalhadas, é simplesmente fantástico. Tínhamos que colocar isso num DVD, precisávamos ter um registro disso que está sendo feito. É um trabalho simples, sem grandes efeitos, mas estou super satisfeito com o resultado”.
Fabiane Petry (interpreta a Glaci): “Adoro fazer os teatros do Grupo de Danças. São momentos em que a gente esquece os problemas e dá boas risadas. “Nossa, os ensaios são uma verdadeira bagunça, a peça só sai na semana antes da primeira apresentação. As ideias iniciais são escritas em papel, mas os detalhes e efeitos vão surgindo durante os ensaios. Na hora de apresentar dá um ‘frio na barriga’. A peça de teatro só fica boa se o grupo está em sintonia, um precisa do outro, é um trabalho em conjunto. Ver o público achando graça, dando risadas, é uma recompensa que não tem preço. E ver nosso trabalho registrado em um DVD é um sonho realizado, e sem dúvida muito mais pessoas poderão ver nosso trabalho”.
Eduardo Kaufmann (interpreta o Oswald e o Tocta Pless): “Na minha opinião, os bastidores são bons porque além de dar o friozinho na barriga pra entrar em cena, tem àquelas brincadeiras tradicionais. Em cena acho que o maior pagamento são as risadas e aplausos do público…. Outra coisa legal, é que a gente sente, que se fala no sotaque e linguagem do nosso colono alemão, o nosso povo….isso deixa todos bem atentos!!! Em relação às dificuldades acho que precisa de bastante ensaios pra que o humor não se torne ridículo, não podemos vacilar, mas, de modo geral não é tão difícil pois estamos rodeados de amigos que fazem isso por que gostam, até porque ninguém do grupo (teatro e dança) recebe algo financeiramente”.
Carla Horst – (que interpreta a Linda): “O convite para fazer a Linda surgiu quando voltei do intercâmbio em agosto, os ensaios de danças já se seguiam avançados e o teatro começava a ser estruturado. Adorei receber o convite, mesmo com um pouquinho de medo de não conseguir ‘encarnar’ o personagem certinho por ser minha primeira vez no teatro do grupo. No decorrer dos ensaios, o pessoal foi me ajudando a montar o personagem, dando dicas, eu também comecei a me soltar e deixei a LINDA surgir. Amo dançar, mas adorei muito trabalhar no teatro. Sentir a alegria, as risadas do publico e os aplausos é uma recompensa muito gratificante que espero poder sentir muitas vezes”.