O rio Taquari e seus afluentes estão mostrando uma face jamais vista pelas últimas gerações. A estiagem na região já dura 10 meses, e agora os prejuízos gerados na agricultura e navegação, começam a refletir nos demais setores da economia.
De acordo com o Centro de Informações Meteorológicas (CIH) da Univates, a média regional de chuva nos quatro primeiros meses do ano foi de apenas 434 milímetros, menos que a metade da média registrada no mesmo período em 2011. Com o fim do fenômeno metereológico La Niña, que provocou o resfriamento das águas do Pacífico Central, a previsão é de que o volume de chuvas se normalize a partir de junho, inclusive com a possibilidade de enchentes não descartada. Entretanto, a chuva prevista para este fim de semana não será suficiente para amenizar a situação.
Tanto no rio Taquari quanto no Forqueta a travessia pode ser feita a pé em diversos pontos. Nos aroios Grande, do Meio e da Divisa, o leito literalmente parou de correr em alguns pontos, formando poças.
Apesar da “seca verde” esconder a real situação da lavoura, a regional da Ascar/Emater emitiu que nos 64 municípios atendidos pela entidade os prejuízos nas lavouras chegaram a 40%. Com isso estima-se que deixarão de circular na economia da região R$ 75 milhões. Com a quebra na safra de grãos, o custo de produção e os preços aumentaram. A saca de milho subiu de R$ 24 para R$ 32 e a de soja está em R$ 54, a melhor remuneração desde 2004.
Conforme a Defesa Civil no Estado, 371 municípios decretaram situação de emergência por causa da estiagem.
Corsan deve adotar medidas de precaução – A Unidade de Saneamento (US) da Companhia Rio Grandense de Saneamento (Corsan) de Arroio do Meio es¬tuda adotar medidas para adequar a captação de água ao leito do rio Taquari, que está baixando. De acordo com o gerente da unidade, Jaime Bersch, um prolongador deverá ser instalado no cano que capta a água do leito, permitindo sugá-la a cerca de 18 centímetros mais ao fundo. A principal comporta de captação está submersa em apenas 25 centímetros. Se o leito baixar mais cinco centímetros – da última semana até ontem foram quatro – o prolongador será instalado.
E, se a estiagem continuar, uma bomba de sucção será utilizada para captar a água do centro do rio, fazendo com que a possibilidade de racionamento no abastecimento de água potável seja adiada.
Navios não sobem mais o Taquari – Tudo indica que o preço da areia e de alguns cereais vai ficar mais caro devido ao cancelamento de cargas de navios pelo rio Taquari até o Porto de Estrela. O nível do rio Taquari é o mais baixo desde a inauguração do Porto Fluvial em 1977.
As dificuldades vêm sendo monitoradas desde janeiro quando navios maiores pararam de navegar porque o nível mínimo do calado, para possibilitar a navegabilidade, que teria de estar em 13 metros, parou em 11,1 metros. Grãos como soja e milho estão sendo escoados via rodovia, aumentando o custo do frete, já que um navio carrega o equivalente a 100 carretas.
Em condições normais, o local movimenta cerca de 20 mil toneladas de produtos mensalmente. Todas as embarcações rumam ao Porto de Rio Grande. O operador da barragem de Bom Retiro do Sul, que dá condições de navegabilidade pelo rio Taquari até Estrela, Luiz da Silva, afirma que nunca presenciou situação igual e que mesmo fechando todas as comportas o nível da água não sobe. Cargas pelo rio Taquari somente depois de muita chuva para recuperar o volume do manancial.